Já leu alguma estória contada no Decamerón? Não?! Eu sabia!
(mensagem recebida)
Pois é, pois foi, pois ainda assim é, meu admirador incondicional, esta
coisa de viver, digo, esta coisa de conviver (dia após dia) com a Covid-19 por perto tem que
se lhe diga. Desatei a pensar com fundo musical - como é meu timbre
e meu
hábito – e, záscatapráz, vieram-me ao pensamento as estórias
contadas no Decamerón do Giovanni Boccaccio (vida, Boccaccio nasceu em 1313, tinha que ser!), adiante. Primeiro, fui, de carreirinha, ler uma após
outra estória, e gostei. Como é que diz? Minha Nossa Senhora do Incenso,
porque
é que me lembrei das estórias do Decameron? Ora essa, por causa da Covid-19, ando à cata de saber como é que aquelas estórias, contadas por sete raparigas e três rapazes que fugiram da Peste Negra (1347/1353), me inspiram para olhar mais bem as formas das mudanças que aí estão a chegar desencadeadas pela malvada Covid-19. Depois, varri com os meus olhos de lince as pinturas que, ao longo de vários séculos, dão testemunho do Decamerón; céus, e não é que na pintura de Franz Xaver Winterhalter, datada de 1837 (na imagem acima) me vejo lá a mim! Olhe com atenção, aprecie: enquanto uma rapariga conta uma estória (interessante por sinal), eu, fabulásticamente bem vestida, mui elegante e ocupando o espaço mental entre a beleza e a dor, nada ingénua, também oiço um galanteio de um engraçadinho no jeito de quem quer deitar a mão a um diamante, deuses, admire o meu ar de "vê lá se te enxergas, não te estiques". Haverá algo melhor que a ideia de mim? Duvido, digo, tenho a certeza que não. Como é que fui desencantar (isso mesmo, desencantar é o termo apropriado) a pintura do Franz? É o que quer saber? A meu ver, alvitro eu, talvez o Franz se tenha inspirado em mim para pintar o quadro princesa Tatiana Alexanrovna Yusupova, pesquise e confirmará que assim possa ter sido; que descarado ele me saiu, não me disse nada, mas lhe digo eu a si que nas obras de arte viajam segredos, olaré que sim. Agora, pare um pouco e veja um pouquinho de um filme muito interessante sobre o mesmo tema, veja pé ante pé, digo, veja segundo a segundo, eu ando por lá, demore-se em 01:00 e atente na aura da actriz (eu até fiquei com um nó no estômago); depois, continue de novo, segundo a segundo, até ao fim, e volte ao princípio, uma e mais uma e uma outra vez, vai adorar e só assim chegará ao "logos da coisa". É um filme maravilhoso onde nada é colado com cuspo, pois não é? Ninguém pode tirar-me o que sinto, ponto. Antes de terminar esta mensagem, ainda lhe pergunto: já leu alguma estória contada no Decamerón? Não?! Eu sabia!
Notinha 1
Registe, meu caro, que:
- enquanto o Giovanni escrevia, grassava na Europa a Peste Negra (1347-1353) e a Europa agonizava; e, oh céus, então não é que a peste teve origem nas pulgas que os ratos que viviam nos navios mercantes chineses que chegavam à Europa?;
- as estórias não só trouxeram ao cimo a importância do pensamento das mulheres quanto abriram as portas de um novo humanismo e de uma nova literatura;
- vários autores - Lutero, Shakespeare, Vivaldi, Molière - leram e inspiraram-se na obra de Boccaccio.
Notinha 2
Não deve perder aqui o concerto do dia, com memória a tiracolo.
Notinha 1
Registe, meu caro, que:
- enquanto o Giovanni escrevia, grassava na Europa a Peste Negra (1347-1353) e a Europa agonizava; e, oh céus, então não é que a peste teve origem nas pulgas que os ratos que viviam nos navios mercantes chineses que chegavam à Europa?;
- as estórias não só trouxeram ao cimo a importância do pensamento das mulheres quanto abriram as portas de um novo humanismo e de uma nova literatura;
- vários autores - Lutero, Shakespeare, Vivaldi, Molière - leram e inspiraram-se na obra de Boccaccio.
Notinha 2
Não deve perder aqui o concerto do dia, com memória a tiracolo.
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