Bocage: coração e pulmões
Acontece durante estes dias, em Setúbal, um "Congresso
Internacional/Bocage e
as Luzes do século XVIII"...Olhar para para uma nota de cem escudos (1981) pode permitir não só apreciar a figura de Bocage quanto ver (a alguns poucos anos de distância) uma transformação significativa: aquela elegante nota foi substituída por uma fatelosa moeda de cinquenta cêntimos! Justo é (também) deixar aqui uma amostra da verve fácil e corrosiva de Bocage. Assim, por exemplo, num poema:
Quer seja curto ou
comprido
Quer seja fino ou mais
grosso
É um órgão muito querido
Por não ter
espinhas nem osso
De incalculável
valor
Ninguém tem um a mais
E desempenha no amor
Um dos papéis
principais
Quando uma dama aparece
Ei-lo a pular com fervor
Se é de um rapaz,
estremece
O de um velho, tem pouco
vigor
O seu nome não é tão
feio
Pois tem sete letrinhas
só
_
_ _ _ _ _ _
1
2
3
4
5 6 7
Tem um R e um A no
meio
Começa em C e acaba em O
Nunca se encontra
sozinho
Vive sempre acompanhado
Por dois orgãozinhos
Junto de si, lado a lado
O nome destes porém
Não
gera confusões
Tem sete letras também
Tem L e acaba em ÕES
1
2
3
4
5 6 7
Vou acabar com o embalo
E com as más
impressões
Os órgãos de que eu
falo...
São o coração e os
pulmões
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