Porque não é substancial, o eu-eco compõe-se de outros eus-ecos

Resultado de imagem para Ricardo Reis Vivem em nós inúmeros;
(mensagem recebida)
Claro que não, meu admirador de mim perfeita e única, claro que não, claro que hoje não é dia 13, hoje é o primeiro dia a seguir ao dia 13. Sim, óbvio, também há os dias anteriores ao dia 13. Adiante... Como sabe, tenho andado assim a modos como quem procura verdades ocultas nas imagens. Distraída, estava eu em sossego, quando, Nossa Senhora do Acaso, sem desvia-te ou cuida-te, me caiu em cima a imagem que lhe envio, uma imagem eco de eu-mim. Bugalharam-se-me os meus olhos na estética do meu corpo repousante e dançante e dançado e, que quer, veio-me à mente o dito do Heraclito (raio de rima, desanda), a certeza de que tudo flui. Disse de mim para comigo: a vida é mesmo isso, é um fluir permanente; e, nesse preciso instante, senti-me-me dentro do rio que em mim corre. Eureca, descobri: existência é aparecer num dado contexto. Pode lá ser, mas é, é mesmo, aposto que é: será que ainda me não conheço o suficiente? Vida, em filigrana e ritmo e vibração e intensidade, palpei-me eu e inúmera: tal qual também o mostra Fernando Pessoa, digo, o Ricardo Reis num poeminha, este:

"Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo."

Que lhe parece? Será que ainda me não conheço o suficiente?

Adenda
... com memória e memória e memória e memória.

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