Aqui lhe deixo uma caixinha de neurónios reciclados, fazem-lhe falta

Caríssimo, nem sei como lhe dizer, mas estou tão aflita e sem saber o que fazer! A voz linda da única fada “hipátiana” no mundo do século XXI, soou-me, escondendo preces, tão suave e tão doce que até me comovi. Então, continuou, não é que acabo de receber a notícia de que me querem atribuir o grau de doutora “honoris causa” por virtude das minhas práticas inteligentes? E, ainda para agravar a situação (imagine só!), também outros sábios foram distinguidos: o Howard Gardner e o Giacomo Rizzolatti. Que notícia boa, interrompi-a absolutamente feliz e de coração aos pulos; que momento espantoso se perspectiva: práticas inteligentes, inteligências múltiplas e neurónios espelho são um lindíssimo caleidoscópio de saberes. Pois sim, disse olhando-me com ar atrapalhado, tudo isso é verdade e concordo consigo. Só que eles os dois já se pronunciaram e dizem que não, que não vão aceitar o doutoramento “honoris causa”. Como é que é? Essa agora! - Exclamei. De perfil lindo, cabelo apanhado, braços elegantes, mãos meninas náufragas e ombro (torneado) a espreitar, sugestivamente nu, em manto-leve de linho branco barrelado, suspirou dizendo, de dedo indicador em riste, que eles não aceitavam (e já lho tinham feito saber) porque apenas eram um seu "alter-ego"… E agora, o que faço?! Que aflita que estou! E são mesmo seus "alter-ego"?! – Perguntei sem rodeios e com uma curiosidade de ratinho branco. Claro que são, respondeu de supetão… Eles são a forma que encontrei de divulgar as minhas inteligências múltiplas e de fazer um mundo melhor espalhando, divertida, doses de empatia ao “deusdará”…, é assim tão difícil de entender? Não percebe que a sociedade desperdiça talentos a rodos e eu que sou génia (génio é alguém que descobre ou cria algo no mundo) tinha que fazer algo diferente?! O meu silêncio asinino-orelhudo deixou-a incomodada... Não lhe levo a mal (apenas por isso) a forma como ela, linda de ver e de morrer, se despediu de mim com um sorriso gaguejado: para que a minha aflição seja maior, só me falta ouvir de si um “tôembasbacado” com o que me acaba de dizer"...; aqui lhe deixo uma caixinha de neurónios reciclados, fazem-lhe falta!

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