Acerca de sentir com o pensamento

Passei-me dos carretos, meu caro, pode lá ser!, olha só, ontem dei comigo a matutar que os teus “posts” do olho e da Emily me fazem lembrar de mim, faz sentido? Vida!, são padrões-aura de mim inteligente (alô, Benjamin!) e, Deus do céu!, aquele pensamento-poema veio lembrar-me que cada ser humano tem recursos imensos e que ainda que sempre há um outro que é ele, que me dizes? Digo que sim, que faz muito sentido, respondi à minha consciência, digo que tudo tem a ver contigo, tu és uma propriedade emergente do meu cérebro que me orienta na vida, inconsciente e conscientemente. Ups!, exclamou, gosto, gosto, percebe bem agora aquele espantoso desabafo do Fernando Pessoa “A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento”, seja, tu sentes a vida com o pensamento em mim a fazer das suas, de pés descalços na vida, sem cuidados, adoro, tu vieste das origens e as origens são o objectivo. Tu queres ver, retorqui enfadado, tu queres ver que a minha tentativa de aprender a sentir com o pensamento, alinhavando sem azedumes ideias e sentimentos, se deve a ti, presunção e água benta cada um tem a que quer, tens provas? Então não!, respondeu bem humorada, podia lá ser de outra forma, deixa de estrebuchar, eu sou o teu selo de autenticidade, moro no teu pensamento todos e cada dia pensante, sou eu que te mostro as diferentes faces da realidade mandando às malvas uma qualquer teurgia do corpo palavra, tal qual como acontece quando olhas o cubo de Necker: concentra-te na imagem que acabo de projectar na tua parede branca e verás ora uma face ora outra face do cubo (passados que forem uns segundos). Serenei e assim fiz, consegui, vi ora uma ora outra perspectiva do cubo, constatei que a linguagem é tão só a escada de Jacob com os seus dez mil degraus de palavras, e ainda ripostei: mas a verdade não é descoberta na essência da linguagem? E ela, apressada: a resposta a esta pergunta, meu caro, exige muita acribia e precisão metodológica, amanhã passado trocaremos ideias vadias, agora já o dia me chama. Acribia, acribia, terei ouvido bem?!, questionei os meus botões. Ela não muda, é assim de nascença e refina com o tempo, que se há-de fazer, retorquiram eles. Quanta tanta é a força do acontecer!, suspirei preocupado.

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