Por uma renovada "Paz de Vestefália"

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(...) Para alcançar um ordem mundial genuína é necessário que todos os intervenientes, embora mantendo-se fiéis aos seus valores, saibam assumir uma nova cultura, que será global, estrutural e jurisdicional, um conceito de ordem que transcenda o ponto de vista e os ideiais de cada região ou de cada nação por si. Neste momento da história, isso corresponderia a uma modernização do sistema vestefaliano à luz das realidades contemporâneas. Será possível verter culturas divergentes num sistema comum? O sistema vestefaliano foi esboçado por cerca de 200 delegados, nenhum dos quais ficou na história como grande figura, reunidos em duas povoações de província distantes 40 quilómetros entre si (uma distância considerável no século XVII) em dois grupos separados. Se conseguiram ultrapassar os obstáculos foi porque partilhavam a experiência devastadora da Guerra dos Trinta Anos, e estavam determinados a evitar a sua repetição. O nosso tempo, que está perante perspectivas ainda mais graves, está obrigado a responder às necessidades antes que elas o engulam. Fragmentos crípticos da antiguidade mais remota falam-nos da condição humana e consideram-na irremediavelmente sujeita à mudança e à discórdia. A "ordem mundial" era como o fogo "por pouco se inflamando e por pouco se apagando", enquanto a guerra era "pai e rei de tudo" gerando mudança no mundo. Mas "a unidade de tudo esconde-se sob a superfície; assenta na reacção equilibrada dos opostos". A nossa era precisa de ter como objectivo alcançar o equilíbrio enquanto refreia os cães da guerra. E temos de o fazer enquanto somos fustigados pelas correntes alterosas da história. A famosa metáfora para isto está no framento que nos adverte dizendo que "não se pode caminhar duas vezes no mesmo rio". É possível pensar-se a história como um rio, mas as suas águas estão em constante mudança. (...) p. 427

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