O gato de Alberto Giacometti é um gato?
(Mensagem recebida)
Que quer que lhe diga, meu excelente admirador de mim, que quer lhe diga, há dias em que tenho a certeza que a razão mora perto de si, há outros dias em que, Nossa Senhora, só penso que a razão mora em mim. Baralhado?! Pois não o esteja, eu explico. Fiquei assim, incomodada, porque quando quebrou as suas, digo, quando quebrou as nossas rotinas diárias dei comigo a pensar que andava por aí, sei eu lá bem por onde, a armar-se ao pingarelho. Agora sei que não, sei que apenas e só pensa em mim, só pensa em mim que, reconheço, sou múltipla e polímata e fada. Acontece que, ontem, dei comigo a pensar que o gato do Giacometti é uma gata. Porquê? Ora essa, porquê, sempre os seus porquês! Porque aquele gato esculpido é absolutamente singular, qualquer coisa como a coincidência de si mesmo, bolas, aquilo, nem mais e nem menos, aquilo que comigo acontece, seja: para mim, ver é ser vista. Digo de outra forma tendo em conta a sua mente lerdinha: o meu corpo compõem-se de imagens exteriores que vibram dentro dele, fazendo coincidir o movimento das coisas e das pessoas com o movimento das minhas sensações: no meu corpo mora o meu devir de mim. Céus, sei que lhe custa acreditar, mas, tem dias, há manhãs em que sinto o ar de mim indo feliz (e bamboleando-se) na rua, e divertindo-se, em dimensões afectivas, no jeito de uma criança que capta o real da vida pela primeira vez. Pergunta-me se o gato do Giacometti é mesmo um gato ou uma gata? Resposta simples: é uma gata linda e única e singular, tal qual eu, óbvio, sem dúvida alguma!
Notinha
Adoro, adoro, meu admirador de mim, adoro que só para mim tenha tempo e pensamento e saber, gosto, até acreditar me custa. Gosta mesmo de mim: registo e gosto!
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