Nos dias que correm, o Natal é um festival de compras
“Como podemos conjugar
a ética consumista com a ética capitalista do empresário, de acordo com a qual
os lucros não devem ser desperdiçados mas, em vez disso, ser reinvestidos na
produção? É simples. Tal como em épocas anteriores, existe uma divisão do
trabalho entre elites e massas. Na Europa medieval, os aristocratas gastavam o
seu dinheiro em luxos extravagantes, enquanto os camponeses viviam frugalmente,
contando os tostões. Hoje, os ventos mudaram. Os ricos têm imenso cuidado a
gerir os seus activos e investimentos, enquanto os menos abastados contraem
dívidas ao comprar carros e televisões de que não necessitam realmente.
As éticas capitalista e consumista são os dois lados da
mesma moeda, uma fusão de dois mandamentos. O mandamento supremo dos ricos é:
“Investe!”. O mandamento supremo dos restantes é: “Compra!”.
A ética capitalista-consumista é revolucionária noutro
aspecto. A maior parte dos sistemas éticos anteriores apresentava às pessoas um
acordo bastante difícil. Era-lhe prometido o Paraíso, mas apenas se cultivassem
a compaixão e a tolerância, ultrapassassem o seu desejo insaciável e a sua
fúria e controlassem os seus interesses egoístas. Isto também era muito duro
para a grande maioria das pessoas. A história da ética é um conto triste de
ideias maravilhosas, a que ninguém consegue responder. A maior parte dos
cristãos não imitou Cristo, a maior parte dos budistas não conseguiu seguir o
Buda e a maior parte dos confucianos deixaria Confúcio em desespero.
Pelo contrário, a grande maioria das pessoas corresponde
hoje, com êxito, ao ideal capitalista-consumista. A nova ética promete o
Paraíso na condição de os ricos se manterem gananciosos e passarem o seu tempo
a ganharem mais dinheiro e de as massas darem rédea solta aos seus desejos e
paixões – e comprarem cada vez mais. Esta é a primeira religião da História
cujos seguidores fazem, realmente, o que lhes é pedido. Como sabemos que vamos
receber o Paraíso em troca? Vimo-lo na televisão.”
Harari, Sapiens,
412-413
Adenda (mensagem recebida)
Adenda (mensagem recebida)
Oh meu admirador de todos os dias e hoje ainda mais, se quer que lhe diga, céus, o "river flows" ecoa por tudo o que é sítio, vida, que espantadice pegada por aqui vai, sou assim, adiante. Gosto do texto que escolheu, céus, é um texto provocador muito sério e verdadeiro, infelizmente (helas!). Cá para as minhas bandas, eu e a minha família, vamos tentando manter a simplicidade, mas eu sempre, sempre eu: "não é preciso tanta coisa, nada de excentricidades". Vamos ao que agora interessa: o Natal é para invocar Jesus e para o que Ele veio ensinar à Humanidade, ponto, o resto é capitalismo selvagem e destruidor...Eu sei, vida, sei que não sabe quem é Alain Badiou (que hei-de eu fazer!) mas leia este elogio do amor; e, depois, sorria e saltite comigo num bailarico (sul americano) divertido, sou assim, sem emenda, eu inteirinha e linda, vida, meandros meus mágicos, inteligente curiosidade a minha...
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