O conceito de liberdade é uma ilusão?
(Mensagem recebida)
Sabe bem, meu caro, que tenho tido muito pouco tempo (e até pouca disposição, diga-se em abono da verdade) para responder, em tempo útil, às suas questões... Sei que sim, sei que tudo o que tenha a ver com livre arbítrio não só lhe interessa quando o deixa desesperado. Deixo-lhe três sugestões. (1) Tente primeiro perceber a informação da imagem que lhe envio. (2) Visite depois este artigo e demore-se. (3) Sistematize finalmente o que aprendeu, lendo esta entrevista de onde respiguei um curioso e importante trecho (o sublinhado a negrito é meu) que, em anexo, lhe envio... Que lhe parece? Que me diz? O conceito de liberdade é uma ilusão?
Anexo
(…)
P. ¿Dónde deja esta
capacidad de recrear una mente humana el concepto de libertad?
R. El concepto de
libertad es una ilusión sostenida entre los seres humanos que se basa en que
las probabilidades de realizar un acto diferente son tan altas que, en este
momento, es imposible predecir lo que va a hacer alguien. Porque son 85.000
millones de neuronas, multiplicado por 1.000 conexiones de media por neurona.
Las posibilidades son casi infinitas, pero son finitas, así que al final se va
a poder hacer algo que se parecerá extraordinariamente a la actividad de un ser
humano. Nuestro concepto de libertad es falso. Estamos condicionados. La
consciencia es menos del 10% de nuestra actividad cerebral en un momento
determinado. Ahora se está estudiando
mucho cómo se producen las decisiones y es evidente que la decisión está tomada
mucho antes de que tú la conozcas conscientemente y la expliques. De hecho,
cuando se modifica artificalmente una decisión, el sujeto la explica igual.
Nosotros explicamos a posteriori las decisiones que adopta nuestro cerebro
basándose en la memoria, en las emociones y en toda una serie de datos que se
procesan de una manera inconsciente. Ese es el mérito de Freud, que fue
capaz de hablar del inconsciente como un elemento fundamental en la manera de
funcionar de los seres humanos. El cerebro es una maquinita hecha para
facilitar nuestra supervivencia y todo lo que llamamos procesos mentales
complejos en realidad no son más que maneras de analizar los datos, la
información y adoptar una información que siempre tiene unos componentes de
supervivencia críticos, ya sea nutrición, sexo o cuidados de las crías, de los
que no somos conscientes.”
(..)
(Nova mensagem recebida)
Ai quanto, meu caro, ai quanto eu precisava de um pequeno-almoço demorado e tardio, para falar consigo sobre Liberdade (este seu textinho continua a deixar-me de franja perdida). Estou muito preguiçosa para lhe responder por escrito, prescindindo de um diálogo mais efectivo sobre o tema, o meu futuro e a minha vida atrapalham-me. Mas isto vai passar, rápido como eu quero e mando. Deixo-lhe duas perguntas. (1) Se o cérebro na sua totalidade é condição sine qua non à sobrevivência do organismo e tem uma história evolutiva de afinação de competências para o efeito, porque razão a liberdade só é validada pelos 10% de consciência? (2) Não lhe parece que se só 10% votam em consciência ainda assim é legítimo que se ponderem as razões, sobretudo se o suporte essencial desses 10% são os outros 90%? E Freud, meu caro, e outros (como o Gazzaniga) quiseram aprofundar este conhecimento ao nível da interpretação "inteligente", diga-se, reconhecida e consciente. Penso que há um "vício" de análise sobre a não- inteligência dos outros 90%, que considero muito inteligentes mas de uma forma de inteligência evolutiva (à falta de outras palavras para o traduzir). Já percebi, meu caro, já percebi: está a sentir-se sovado pelo meu saber estonteante, acontece, sou assim, mas gosto de si. Vá lá uma ajuda. Seja ela em jeito de pergunta… Porque é que quando se tem (seja lá o motivo que seja) de tomar uma decisão (em que se está em contradição entre a razão e a forma de sentir) se diz: " segue o teu coração" (que traduzido mais não é que "ouve as tuas vísceras"), ouve o teu organismo como um todo e não apenas os 10% de que tens maior consciência? Em forma de epílogo digo-lhe que gosto de si por razões que não têm nada a ver com decisão inteligente e consciente; se assim não fosse até o meu cafézinho arrefecia…
(Nova mensagem recebida)
(Nova mensagem recebida)
Sem resposta sua, meu caro, dou por concluída a minha reflexão. citando Einstein. Assim: “De modo algum acredito no livre arbítrio em sentido
filosófico. Agimos não só sobe a influência de uma compulsão externa quanto agimos
de acordo com uma necessidade interna. Aquilo que Schopenhauer dizia “um humano
pode fazer o que deseja mas não pode desejar o que quer” foi para mim uma
verdadeira inspiração desde a minha juventude, um consolo constante frente às
dificuldades da minha vida como da vida dos outros, foi uma fonte incalculável
de tolerância.". Pergunta-me se acredito no livre arbítrio? Respondo-lhe com uma (espantosa) afirmação do Isaac Singer: "Claro que acredito. Não tenho outra opção!". Pergunta-me se podemos vetar decisões do nosso cérebro? Claro que sim, então não! (...) Mas vetar é escolher livremente? Gosto desta sua pergunta, meu caro, gosto mesmo, vou direitinha saber das complexas interconexões dos neurónios-espelho no cérebro.
(Nova mensagem recebida)
Ainda aqui estou. Que me diz a propósito disto?
(Nova mensagem recebida)
Ainda aqui estou. Que me diz a propósito disto?
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