Há dias assim: distance
Há dias assim: Joachim Kuhn - Distance ... São 10m19s de música de piano, chame-se o que se entender, tanto dá!
Adenda (mensagem recebida)
Adenda (mensagem recebida)
Acordei cedo e estremunhada, confundida com o
horário, mas muito contente com o sol radioso que inundou o meu terraço das
flores e da roupa branca fresca a baloiçar. Não resisti e fui espreitar a vista
de rio e, meu caro, palavra de honra que suspirei e pensei de imediato em si. O
azul do céu e do rio não se equivalem ao azul limpo dos seus olhos que eu tanto
gosto, os seus olhos são o céu e o rio, até são nuvens e névoa, e tudo ao mesmo
tempo. Deixemo-nos de nostalgia, meu poeta-pensador, fiquemo-nos pela luz solar
radiante. Que manhã bonita, não acha? Diga-me lá que tristeza é essa hoje?
Gostei do azul da capa de música e gostei bastante da música de piano, claro
que sim, mas distance, distance não... Distance é distância, e
distância é a medida da separação entre dois pontos. Aquela outra palavra
separação fez-me sentir uma dor fininha no lado esquerdo da minha linda cabeça
de fada… Entre nós nunca houve longe, nem distância… E pense bem, estamos bastante
perto um do outro, o segmento de recta desenhado desde o meu terraço até à sua
janela não é assim tão grande, há-de convir que são uns minutitos de vida, poucos
mais do que o som do piano. Deixe lá a distance
e o horizonte longínquo… Não estamos juntos neste exacto momento, enquanto lhe
escrevo e o meu caro amigo lê em voz alta esta mensagem? Estou a elaborar um
afago mágico para si, pois quando lhe pegar na mão e sussurrar ao seu ouvido,
vou entregá-lo direitinho, sem amolgadelas e com vinco de água. Gosta, não
gosta? Ai, um dia tão lindo, a minha aura está resplandecente e... Eu tenho de
agarrar nos compêndios e tecer um articulado em amaranhado de artigos e
leis! Ui, ui, mas vou tê-lo sempre comigo. Faça-se justiça à música do piano, é
calma e límpida, muito blue, lá isso
é... Vou ouvi-la de novo. Até já. Um excelente dia, não quero que esteja
triste, não há razão nenhuma para isso. Tenho vontade de dar um grito, daqueles
que se ouvem do rio ao monte! Com eco e
tudo…
Nova adenda (mensagem recebida)
Nova adenda (mensagem recebida)
Olá, Blue eyes! Estive tão enrolada com
a laReverie e de lapiseira em riste
que não vim ouvir outra vez a música do piano do Joachim... Há-de convir da responsabilidade de me
"entregar" um tema daqueles e não estranhar que eu tenha
desaparecido com Ela, a laReverie,
durante algumas horas. E não pense que li tudo... Paro em cada
parágrafo (por mais razões do que a mera sinalética) como pode imaginar... E não,
não há distancia que se possa sustentar entre nós..., (eu sei que também o sabe), porque todos os meus mapas vão
dar a si. A música é muito bonita, e mesmo algo nostálgica, há muito tempo que
aprendi a despir-me de todos os sentimentos de tristeza quando não está ao
alcance das mãos, porque está ao alcance do sentir, por estes fios de palavras
que semeia...
Tinha uma “Science et Vie” sobre les
cauchemars, explicados pela neurociência que acabei por só
folhear e me deter num artigo pequenino sobre pássaros..., intrigante e provocador.
Deixa-me contar-lhe resumidamente, como convém a um espírito pouco preparado: Há uma espécie de pássaros nos oásis em
pleno deserto, aparentemente carnívoros, que pelo seu pequeno porte e
organização em pequenos bandos desenvolveu um comportamento que é assistir à
caça de presas pelos predadores, a seguir identifica a espécie e imita o som da
aproximação de super predadores (os seguintes na cadeia alimentar) e os
carnívoros que estão a comer a presa, fogem por acreditar na aproximação do
perigo e eles (pássaros) banqueteiam-se com a presa morta. Tem um leque bastante
diversificado de sons e seleccionam-nos a partir do reconhecimento dos
primeiros e sem erros, porque estes comprometem o sucesso da sobrevivência
imediata. Mais..., os filhotes desde o nascimento são treinados neste
reconhecimento e adequação sonora e se retirados aos pais precocemente e depois
devolvidos já não são capazes de aprender esta habilidade...
Comecei logo a pensar que as aves são os
dinossauros que chegaram até aos nossos dias..., e que andamos
extraordinariamente distraídos com as formas de inteligência que as aves
exibem, por continuarmos a olhar tendencionalmente para os mamíferos ou para os
primatas (que tal se sente primata?) por serem mais próximos genómicamente, mas as aves
são surpreendentes nestas elaborações mentais... Porque há claramente mais
processos envolvidos aqui do que programa genético automático e
instintivo, não lhe parece? Precisávamos de mais duas ou três vidas
para pensar e aprender sobre tudo o que nos suscita vontade de saber, verdade? Só
mais uma curiosidade...não li tudo (de uma noticia sobre um novo livro), mas
parece que o José Rodrigues dos Santos tem um livro recente chamado A Chave de
Salomão que começa no Bosão de Higgs e faz uma incursão pela Teoria
Quântica da Mente... E a triangulação (com o titulo) fez-me cocegas nos neurónios...
Sabe do que se trata? Vou-me calar que com a tarde de fenomenologia do
devaneio, fico assim... Vou ouvir outra vez a sua música... Bons
sonhos com metade da minha manta de lã merina branca, metade, só metade, só metade mesmo e só a metade mais pequena…
Comentários
Enviar um comentário