Sonho bom...

Então não é que há dias em que me apetece pensar a história de Portugal e pôr ordem nalguma narrativa destrambelhada?! Sei eu lá bem porquê, meu caro, sei lá eu! Meia noite em ponto e uma fada às voltas em jeito de quem quer conversa alargada... Fiz-me de ensonado. Vai lá, vai... Não se deu por achada, e continuou em solilóquio solto: "decidiu o meu inconsciente, manhã cedinho, ir a Leiria para repor a verdade histórica do castelo; garanti-lhe que sim, que ia e que lhe fazia a vontade desde que primeiro eu pudesse passar por Fátima para ser benzido um terço lindo prateado (que bem fica enrolado no meu bem torneado punho direito!)...". Ei, ei, alto aí, ripostei, está mesmo aqui ou eu estou a sonhar?! Qual sonho qual carapuça, claro que estou aqui, ciciou; confirme a minha presença junto de si em forma táctil, eu deixo, eu gosto de arrepios de pele... Perdi as estribeiras... Ora oiça, afastou-me, afogueada: "lá estive em Fátima, lá me benzeram o terço, lá tive que explicar (mais uma vez, sina a minha!) o milagre de Fátima em inglês, e de lá abalei para Leiria, já tinha combinado almoçar na taverna real...". Ou me engano muito, interrompi, ou está às voltas para me dizer que algo com o castelo de Leiria que não corresponde à verdade histórica... Saiba que sim, saiba que sim, afirmou no seu melhor ar guicho; saiba, garantiu, que foi o rei D. Afonso Henriques (e não o rei D. Dinis como por aí se apregoa) que mandou erigir o castelo de Leiria, em 1135 (foi reedificado em 1190 pelo rei D. Sancho I), depois de conquistar o morro aos muçulmanos; naquele tempo ir abaixo do Mondego era andar à paulada com os mouros... Conquistar o morro?! A minha estupefação era tamanha quando perguntei... Oh, oh, meu caro, invectivou-me, o morro (onde está o castelo) há mais de cinco mil anos que era povoado e garantia o controlo sobre o maciço calcário estremenho e o acesso a dois rios navegáveis, o Lis e o Lena... Será então que D. Dinis, questionei, nada tem a ver com o castelo de Leiria?! Olhou-me fixamente e sem pestanejar nem gaguejar, disparou enquanto ajeitava a franja solta: "fui eu que segredei ao meu rei D. Dinis, em noite de canções medievais, que construísse a torre de menagem em 1324...". Plim, acordei descomposto e suado... Sonho bom...

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