Pied Beauty (Beleza Variegada)
Deus seja louvado por todas as coisas manchadas - / Por céus de duas
cores como vacas malhadas; / Pelas marcas cor-de-rosa no dorso das trutas
velozes; / Pelos Outonos cor de fogo e de avelã; pelas asas dos tentilhões; / Pela
paisagem dividida e retalhada – terra revolvida inculta e arada; / E por todas
as trocas, o seu equipamento, aparelho, atavio.
Tudo o que é oposto, original, livre, estranho; / Tudo o que é instável,
variável (sabe-se lá como?) / Rápido ou lento, doce ou amargo,
brilhante ou sombrio; / Ele preside à mudança de tudo o que se altera: /
Louvai-o.
“Pied Beauty” foi escrito por um teólogo católico que era também um poeta muito popular para expressar a
rejeição do darwinismo (note-se a referência às asas dos tentilhões) e das noções
de variação aleatória; no entanto, ainda atrai a imaginação estética de muitos
biólogos darwinistas do século XXI, com a sua feliz descrição da alteração
subtil por que tudo passa. As humanidades e a ciência enformam-se mutuamente na
construção do conhecimento cultural; no entanto, o que as distingue tem, desde Two Cultures (1959) de C. Snow, merecido
mais atenção do que as suas semelhanças, ligações e sinergias. É para mim um
prazer fazer uma ponte entre as duas áreas num contexto educativo para "Crítica do contemporâneo"...
(Esta é a belíssima introdução da comunicação de John R. Jungch “Fomentar o Fascínio e a
Figuração: Interessar os Alunos por meio de uma Estética Alternativa”,
apresentada na Fundação Serralves, em 2007)
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