Será que ela pensa que eu sou algum "cynomys ludovicianus"?!

Estos roedores viven en América del Norte, desde Canadá hasta el norte de México
Agora, meu caro, que estou um pouco mais descansada (ai o seu mastoideu!) mas ainda a precisar de muito mimo, resolvi escolher e activar um sistema de alerta que evite que eu (que sou fada, imagine) me volte a enganar de novo, redondamente... Assim me apareceu, sem se fazer anunciar, em fundo de música de Debussy e em sensualidade de volumes que apetecia acariciar, a única e sempre fada-frágil-guicha, paulitando as palavras e oferecendo-me uma imagem de quatro ratinhos deliciosos e vaidosos. Bah! Se um mastoideu, um sistema de alerta e quatro roedores, afirmei convicto, são tema de conversa para uma fada, vou ali e já volto...; e que fique claro, o mastoideu não é meu! E o que é que eu fiz desta vez? Perguntei-lhe. Ainda não fez nada, esse é que é o verdadeiro problema, mas não é disso, respondeu aos saltinhos, não é disso que lhe quero falar. Quero falar-lhe das características de um sistema de alerta que uns amigos (já ouviu falar no Jim Hare da Universidade de Manitoba?) me sugeriram; sistema de alerta em que esses ratinhos deliciosos (como lhe chama) parecem ser (dizem) especialistas; quanto ao seu mastoideu falamos daqui a uns minutos. Ou me engano muito (e, repito, o mastoideu não é meu), não pude deixar de a interromper, ou está (é o que me parece) a provocar-me, como é seu uso e costume; se assim é, fico deveras aborrecido consigo..., roedor ou predador é que eu não sou, isso não. E, para sua informação, continuei afogueado e sem saber porquê, já li o estudo desses seus amigos e quero lá saber de quem possa ser esse tal de Jim Hare. Os olhos dela desprenderam-se ao desafio no seu rosto gaiteiro, enquanto me dizia, rindo-se feliz de contente (o que eu acho um perfeito contra senso): tenha cuidado consigo porque me parece que está a ter um ataque de ciúmes. Claro que estou a ter um ataque de ciúmes, disparei, e então? Pois não devia, sussurrou, e não devia porque não tem pinga de razão para ter ciúmes e muito menos um ataque. Adiante. Parece que sim que tem alguma razão (por essa razão me tentaram impingir a ideia de um novo sistema de alerta); alguns pensam que o comportamento desses ratinhos é um sinal de alerta para os seus companheiros, com o objectivo de os prevenir sobre a presença de predadores... Mas já enviei aos autores do estudo uma hipótese de trabalho bem mais interessante. Seja: os comportamentos contagiosos são maneiras de avaliar as mentes de outros e de entender uma mente distinta da própria. Se assim pensa, entaramelei as palavras, só falta dizer-me que esses ratinhos têm mente... Nem tive tempo de terminar. Ela disse que era a hora de falarmos do meu mastoideu (o mastoideu não é meu, soprei irritado)...; mas ela fez de conta e, antes de partir, garantiu-me que nunca me imaginou um predador, que eu estivesse descansado mas que o mastoideu era meu, disso ela não tinha dúvidas... Demorou-se mais uns instantes, e com as suas mãos conchas (numa a criatividade e noutra o afecto), num mansinho alisado e alisado e alisado, mimou-me, esbanjando carícias a rodos... Será que ela pensa que eu sou algum "cynomys ludovicianus"?!

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