Verdade sim, claro que sim!
Quando,
se por opção própria, recusamos correr para apanhar um comboio,
sentimos o verdadeiro e genuíno valor da elegância e da estética do comportamento, ou
seja: experienciamos um sentimento de
controlo do nosso tempo, do nosso horário e da nossa vida. Sabemos bem que perder um comboio só custa, se corrermos para o apanhar; assim sendo, importa que sejamos nós próprios a decidir, para não nos escudarmos em circunstâncias desfavoráveis.
Recordemos, a propósito, uma das fábulas de
Esopo, a raposa e as uvas:
Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muitas uvas. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que a sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo: por mim, quem quiser essas uvas pode leva-las; estão verdes, estão azedas, não me servem; se alguém me desse essas uvas eu não as comeria.
Esta é uma fábula que mostra bem um dos mecanismos de defesa que activamos (para justificar a nossa incapacidade) quando não queremos ser nós (com decisões agressivamente estóicas) a assumir o controlo da nossa vida, definindo os nossos critérios e provocando e lançando desafios ao destino: as uvas que não conseguimos alcançar, são amargas. Mas quem culpa as circunstâncias (mesmo que com argumentos aparentemente válidos), fracassa sempre, verdade?
Verdade sim, claro que sim!
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