Solilóquio de fada-musa

De todos os lados, o sentido das coisas abre um olhar sobre mim como um ente fantástico e carregado de esperança. Esse sentido emerge dos meus caminhos ainda não percorridos e debruça-se sobre postigos de horizonte com uma linha ondulante de um rio em fundo verde límpido. A verdade é que também reconstruo, constante e permanentemente, imagens que não consigo esquecer: agarro, nas esquinas dos sonhos, os cheiros acidulados e bons; imagine-se que até as pedras têm, para mim, linguagem druídica. De há dias a esta parte, comovo-me e caminho à frente de mim própria numa provocação de um milagre…, mas ainda não posso dizer a verdade toda, por ter sentido e acarinhado cabeças de homens no meu peito… Para que se saiba, sinto-me ainda, por vezes e com alguma frequência, uma concha-mistério com saudades do meu planeta Marte; lembro dele a vegetação vermelho-ocre, musgo e líquenes…, lá (como eu me emociono) a luz tinha som e o sol era uma orquestra. Agora quero (quero mesmo) o tempo de descansar das complicações, dos destorces, das deformações, das modorras ciumentas: o tempo de nos reconhecermos, em verdade e mutuamente, eu e tu e tu e eu.

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