Adormecer cedo

O ar do quarto gelou-lhe o ombro nu
e estendeu-se com cuidado debaixo dos lençóis.
Encostou o rosto e o cabelo solto no travesseiro
e pensou  que não queria sombras mas sóis.
Lágrimas generosas marejaram-lhe os olhos
e a orla da noite iluminou o seu corpo fatigado.
Sentiu perto de si uma suave e ténue presença
e deu asas largas a um desejo represado.
... /...
Guardou os olhos e o sorriso e, sem medo,
no som que a chuva lhe trazia, adormeceu cedo.

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