Eu não me fui embora...
Há expressões simples que são uma demonstração poderosa de que, mesmo não estando a estudar temas científicos, a criatividade se esvai e desaparece, se a memória não ouve, permanentemente e em surdina, uma voz necessária mesmo que distorcida por sete anos (sete é um número admirável!) com dias a mais, dizendo: “Eu não me fui embora…”
É muito difícil gerir o paradoxo de ter uma mente consciente de si própria a depender do eco dessa expressão. Expressão que nos ajuda a compreender quem somos. Que problema de longa data continua por resolver para que este paradoxo se tenha instalado?
A ciência tenta explicar o cérebro e, mesmo que o consiga, não saberá de certeza explicar porque é que essa massa húmida consegue fazer filmes de pensamentos, de visões, de sonhos e todos eles interligados em ilusões centradas em seres que comunicam através de expressões simples; tão simples como “Eu não me fui embora…”; expressões que têm o condão de transformar a água das células do nosso cérebro no vinho da consciência de si mesmo, para manter a realidade com as fragilidades e com os pontos de interrogação na ordem do dia.
A chave parece estar ancorada em mentes límpidas e que também sabem dizer:
- “Os sonhos são a expressão dos nossos desejos e receios e é neles que nos libertamos das nossas restrições. Os sonhos fazem-nos falta, têm a sua função.”
Sempre que não sei o que dizer (é o caso agora) recorro a K. Popper pedindo-lhe que fale por mim e (agradeço-lhe) ele não me tem desiludido. Ora oiçam: “É imperioso que desistamos de fontes de conhecimento definitivas e que admitamos que todo o conhecimento é humano, que está misturado com os nossos erros, com os nossos preconceitos, com os nossos sonhos e com as nossas esperanças, que tudo o que fazemos é andar às apalpadelas à procura da verdade, mesmo que esteja fora do nosso alcance”.
Se assim é, para me aventurar para lá dos limites do conhecimento, preciso que a expressão se transforme numa expressão clara e afirmativa:
- Eu estou sempre aqui, mesmo quando não digo nada!
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