Um MIMO

Marcel Marceau
Marcel Marceau (1923 - 2007)
Penso ser o circo que melhor representa a vida
 - é nómada, é circular, tem luz e cor e cheiro e movimento e memória e organização e magia e riso e  vozes e canto e choro e dança e música e equilíbrio e malabarismo e jogo e trapézio e diferença e sonho e diversidade e água e fumo e terra e palavras e gestos e expressões e palmas e gargalhadas e pessoas e animais e criatividade e tinta e flores e emoções a rodos e em volteio, e é onde todos os sentidos e sentimentos são príncipes e princesas encantados.
E não é que quando a expressão teatral criativa acontece no circo, até um palhaço se transforma num Mimo? Nesta metamorfose, a espontaneidade e a liberdade dos gestos e das expressões (com a força e o vigor que lhe  empresta o conceito de intenção) revelam uma ontologia do corpo, ou seja, desvelam a existência de uma ontologia fundada no sensível com uma atenção privilegiada aos sinais e ao tempo: a espontaneidade e liberdade não são nada, são tudo; e são tudo porque são duas formas completares de estar no mundo.
A consciência e o seu objecto, em si e por si, são inseparáveis. 
E assim sendo, "con- sentir" o mundo é perceber a complexidade da vida e é perceber o dever de agir eticamente porque a ética é a estética da vida.
O dever de agir eticamente, sempre e em qualquer circunstância, sem mentiras e com as rupturas necessárias no tempo certo, é uma das mais espantosas e conseguidas manifestações da criatividade da vida. 
Shakespeare, Bach & Marcel Marceau: AQUI 

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