Há dias com oitenta minutos de música (escolhida), com adendas
Aqui e aqui.
Adenda
A música
é prova provada que nós (seres humanos) nos diferenciamos de outras
criaturas (na Natureza), outras criaturas que, em pouco tempo, são completamente aquilo que são. A vida (a nós) foi-nos dada de graça (como um dom), mas também com uma obrigação: exprimir (ao longo de vários anos e com muito esforço interno) o que em nós há de original e único. Se não estou em erro, eram os mestres estóicos que motivavam os seus discípulos a construirem a sua própria estátua, seja, a edificarem paulatinamente a sua própria humanidade. Oiço agora uma voz (que mui bem conheço) perguntar-me se uma das patologias contemporâneas é um défice de sabedoria, se é falta de uma arte da existência. Nem mais: a pergunta inteligente (como sempre) comporta a sua resposta; sim, é falta de uma arte da existência. Seja: os seres humanos não se realizam apenas na luta pela sobrevivência, têm que se conhecer a si mesmos, têm que se confrontar com a espantosa realidade das coisas, têm que aprender e saber - em quietude contemplativa - escutar o visível e o invisível. A vida é, ao mesmo tempo, uma surpresa e um mistério: viver não é uma profissão, é um desafio aliciante (e desafiante).
Adenda (mensagem recebida)
Minha Nossa Senhora da Natureza Humana Personalista, meu admirador de mim, ouvi a sinfonia de Gustav Mahler, inteirinha; e tentei (oh, se tentei) perceber a leitura que justifica a orientação (oculta) da sinfonia. Depois, com os meus olhos grandes a tremeluzir de curiosidade, devorei a sua adenda. Até que (vida minha) concordo consigo, digo, concordo mais para menos. Vamos lá. Não tenho dúvidas que tentou aproximar-se do que significa natureza humana. Tentou, tem mérito, adiante. Porém, registe... A natureza humana (oiça bem o que eu digo) não pode ser caracterizada em termos biológicos, mas, ao invés, em termos que façam referência essencial à rede de reacções interpessoais, uma rede que nos liga uns aos outros e até a pessoas que não são deste mundo e nem incarnadas. Vida minha, entendi, esta minha afirmação causa-lhe engulhos metafísicos, e eu ralada! Não tenho dúvidas, asadinha como sou, que os anjos e os golfinhos são humanos. Pronto, cedo, não tendo percebido o que eu disse, vou tentar explicar-lhe por outra vereda, esta: ignore-se a religião, ignore-se a filosofia, ignorem-se os objectivos mais elevados da arte e privar-se-ão as pessoas (todas as pessoas) comuns dos modos através dos quais podem representar o seu carácter distintivo, a sua mente integrada.
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