Unir dois mundos aparentemente incompatíveis: utopia e realidade

A pergunta chave (pode encontrar-se nas primeiras páginas da sua obra mais conhecida) que orienta todo o pensamento de John Rawls é a seguinte: "Qual é a concepção moral de justiça mais apropriada para uma sociedade democrática?" A resposta, complexa, desenvolve-se à volta de uma intuição fundamental, esta: a justiça de uma sociedade mede-se pelo destino reservado aos mais desfavorecidos. Considere-se, no entanto, que a teoria da justiça de John Rawls não se fica pela denúncia do que não funciona bem na política e nas instituições; pretende, isso sim, a construção de uma alternativa que elimine as injustiças e que estabeleça os alicerces de uma sociedade justa e estável no tempo. Trata-se de uma teoria que pretende construir (bem sabemos que, na política como na vida, é mais fácil destruir que construir), é uma teoria realisticamente utópica, ou seja: a vontade de combinar princípios de justiça que melhorem as instituições (utopia) com a vontade de respeitar os princípios da economia, da organização política e da psicologia humana (realidade). Em suma: trata-se de tentar a união de dois mundos aparentemente incompatíveis, a utopia e a realidade.

Por tudo isto, hoje vou (re)ler...
Adenda 1
"A justiça é a virtude primeira das instituições sociais, tal como a verdade o é para os sistemas de pensamento" John Rawls
Adenda 2
... com memória e memória.