"A mão invisível do vento roça por cima das ervas" - F. Pessoa
À la manière de A. Caeiro
A mão invisível do vento roça por cima das ervas.
Quando
se solta, saltam nos intervalos do verde
Papoilas
rubras, amarelos malmequeres juntos,
E
outras pequenas flores azúis que se não vêem logo.
Não
tenho quem ame, ou vida que queira, ou morte que roube.
Por
mim, como pelas ervas um vento que só as dobra
Para
as deixar voltar àquilo que foram, passa.
Também
por mim um desejo inutilmente bafeja
As
hastes das intenções, as flores do que imagino,
E
tudo volta ao que era sem nada que acontecesse.
30-1-1921
Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
- 89.Adenda - ... com pausa.
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