Há jornalistas que nunca foram à escola, só pode ser!

á momentos, como este da estação atual, em que as interpretações sobre os perigos e as oportunidades são tão contrastadas que nos sentimos dentro do incipit de “História em Duas Cidades”, a narrativa que Charles Dickens dedicou à emergência da revolução francesa: “Era o melhor de todos os tempos, era o pior de todos os tempos, era a idade da sabedoria, era a idade da loucura, a época da fé e a época da incredulidade, o período da luz e o período das trevas, a primavera da esperança e o inverno do desespero. Tínhamos tudo à nossa frente, não tínhamos nada à nossa frente...” Uma divisão assim acentuada de perspetivas é, por exemplo, aquela que se está a desenvolver a propósito da escola. (...)
Breve comentário, a propósito do "á":
O saber de José Tolentino de Mendonça (Cardeal da Igreja Católica), no género de escrita e de pensamento é, de longe, do melhor que se publica em Portugal. Muito se aprende com ele, e a leitura dos seus artigos desencadeia-a em mim (alô, Espinoza!) um muito antigo e saboroso sentimento de estar numa sala de aula. De estar numa sala de aula, a ouvir um professor que, para além da sabedoria, provoca admiração sem limites, atiça a inveja e a vontade de um dia não só poder saber tanto como ele quanto saber escrever como ele escreve nos livros que publica.
Acontece que a crónica de José Tolentino de Mendonça (no jornal semanal "Expresso", acima identificada) não foge ao padrão, apenas (e só) alguém, que se diz jornalista, terá tentando brincar e burilar a entrada da crónica e em vez de um saiu-lhe na rifa um á: não não foi engano, é mesmo burrice (ups!), não basta ir à escola, é mesmo preciso aprender e estudar. Dizem-me que no melhor pano cai a nódoa, pois sim, mas não é o caso, ou às tantas é: um (a) jornalista nódoa caiu no excelente texto de opinião de José Tolentino de Mendonça. Claro que sim, pode escrever-se das duas maneiras, mas, neste caso, uma está bem (há) e outra está mal (á).
adenda
Mau! Tu queres ver que outros e outras jornalistas do "Expresso" não deram por nada? Pode lá ser!

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