Então não, raio de pergunta a sua, claro que sabia, e mais não digo

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(Mensagem recebida)
Já, meu estonteado admirador de mim perfeita, já percebi, está sem fala e a olhar para a imagem (linda e colorida) que lhe envio, e mais (vida, porque é que eu sou assim?), já detectei que já percebeu que é uma imagem do cérebro em plena actividade, espertinho, gosto. Adiante, eh, eh, eh... Foi assim, vamos lá com música. Ontem, uma falhazita (no ensaio da cantoria de um madrigal) foi resolvida pela improvisação; e (que eu saiba) ninguém do público deu por nada, mas eu fiquei com uma pulga atrás da orelha, e pensei reticente: uhm, não pode ser, e se pode ser, então algo me escapa, que se terá passado? Adormeci com esta pergunta alapadinha no meu travesseiro com o meu coração a participar das minhas incertezas; e, Santa Maria dos Madrigais, quando hoje acordei, foi tiro e queda, fez-se luz quando (aconchegadinha na minha manta de lá merina) comia (enlevada) uma torrada enxundiosa e bebia um cafézinho matinal. Ou seja: os cinco sentidos são mais que cinco. Baralhado? Olha a novidade, óbvio que está baralhado, confuso, mas não se admire se não catrapisca nada. Oiça-me. Se eu lhe disser que é possível ouvir com a pele e ver com a língua, acredita? Não acredita, mas devia, deixe de ser canhestro em acreditar. Podia (rima, cretina) dizer-lhe que a tecnologia (outra vez a rima, que sina) - neste caso ver com a língua - já permite ultrapassar as limitações corporais e modificar a forma como percebemos o mundo, podia falar-lhe de sinestesia, podia dizer-lhe mas não digo, quero dizer, digo, adiante, não sem antes lhe garantir que à volta do assunto muitos alinhavam baboseiras e debitam medíocres crendices. Muito bem, respondo então à pergunta que agora me faz, aí tem a minha resposta: o público não entendeu a falha na cantoria porque (entusiasmado) já estava a escutar com a pele, seja: a pele ouve sons nas correntes de ar. Ui, Nossa Senhora dos Sentidos, a sua cara de espanto até me fez tropeçar numa gargalhada, encantos secretos do meu corpo pulsátil no capítulo do amor e na linguagem absoluta do silêncio, até a minha beleza escora o meu saber e o aço da minha vontade sempre que decido polir a alma. Se eu - antes do dia de hoje - já sabia que era possível ver com a língua e escutar com a pele? Então não, raio de pergunta a sua, claro que sabia, e mais não digo...

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