Os poemas e as sopas provocam intermitências de coração
(Mensagem recebida)
Pode lá ser, meu admirador de mim (se a sua admiração pela minha beleza é um vício seu, gosto), pode lá ser, acontece-me, sobretudo nos dias em que a chuva se faz vento, acontece-me nesses dias (hoje é um deles) ficar assim a modos que doente, mas agora, uma nesga de sol faz-se anunciar, vou dar um passeio e mitigar desgostos e comer uma sopa quente. Se, se eu sei porquê? Não, não sei, sei que me acontece, no meu modo de ver (xô, vírgulas) são intermitências do coração. Intermitências de um coração preso, isso mesmo! Não sabe o que sejam intermitências? Olha a novidade! A verdade (rima dum catrino, que melga!), espero que não veja na minha explicação uma falta de delicadeza, a verdade é que o meu coração (tem dias) é intermitente, adiante. Muito bem, quer saber porque é que lhe envio uma imagem da ilustradora Federica Bordoni? Lá vai, por duas razões: uma, por mor da sopa (canja com massa de estrelinhas a boiar) que vou comer ao almoço, e porque gosto e gosto e gosto; a outra, porque admiro aquela Suzana a perorar (raios e coriscos, já a ouvi mais que uma vez) à volta de uma sopa no cérebro (será?): e não é que ela me deixa com a franja à banda (tipo quase tanto como o desnorte que a minha bússola da vida se encabrestou com o poeminha (do Nuno Júdice) de ontem (oiça o silêncio entre cada palavra minha)? Adiante... Vá lá, seja corajoso, que me diz de uma nossa conversa (de há uns tempos a esta parte) a propósito de "A curiosa estória de uma sopa deliciosa"? Minha Nossa Senhora da Beleza, sinto os seus olhos a luzir olhares na minha direcção (bem sei, olhares de míope e filósofo acanhado) e a deixarem uma espécie de rasto fosforecente, que arrepios, céus, vida minha! Páre lá, cortesia minha que sempre me assiste, páre de dissecar sofismas, deixe de ser picuinhas, eu consigo nunca me malquisto: gosto de si e gosto que goste da minha beleza e cultura e estilo, bem que sei que sou o Sésamo da sua vida, gosto! Fico agora, ainda e tão só, à espera de uma palavra sua, murmurada e que me abrase a alma, nem mais e nem menos, ponto.
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