A singularidade de um dia: um dia para ouvir música e ler poesia
Hoje
vou ler uma obra (célebre) de Ovídio, vou à procura de pensamentos fabricados pela mente e, ainda (se possível), escreverei um texto breve, mui breve, um poeminha, quiçá... No primeiro século (Antes de Cristo), Ovídio foi um homem que começou a escrever sobre (e dos) os sentimentos das mulheres. Pasme-se: Ovídio falou dos sentimentos das mulheres numa época em que muitos duvidavam que o género feminino fosse dotado de "alma". A verdade é que vários séculos foram passando e (com muito poucas excepções) a voz feminina (na poesia) continuou a pertencer aos homens. Por tudo isso (arrisco), nada de mais oportuno, hoje, dia da mulher, revisitar e ler Ovídio: mas não sem antes ouvir John Lenon. E, mantendo a música - em fundo - durante a leitura de Ovídio, talvez (quem sabe) uma musa inteligente e heroína - de rosto embelezado até ao sorriso qual flor pensante - me revele os segredos (oxalá eu os consiga entender) ocultos nas palavras amorosas e sentidas das cartas, e me dite um poeminha; e, se ela mo ditar, eu o escreverei em letra sensual, desenhada, transparente e muito redondinha (rimou, ups)...
Adenda (mensagem recebida)
Nossa Senhora da Poesia, meu teimoso ciumento admirador de mim, gosto, aqueles rabiscos dançantes (na imagem), com cor (borratada) em cima, foram palmados do meu caderninho, vida, não, sim (tão fragmentária me sinto)! Mas sim, gosto, gosto do resultado, gosto da elegência e da dança. Acudam que me esvaio em sentimento (derreto-me com a sua afeição por mim, eu sou, serei rempre e para sempre a sua única musa), adiante. E, registe, se eu fosse a musa (do livro do Ovídio) que (a si) iria ditar um poeminha, assim faria: primeiro, acendia os meus olhos faróis; depois, apanhava o cabelo e ajeitava as curvas do meu vestido; de seguida, com mão a esconder um sorrisinho (deixe para lá o meu snobismo de princesa verdadeira, linda e querida), ditava-lhe - apenas e só - um verso-mote, o resto do poeminha seria consigo, este mote, escute: "Tu hás-de sempre amar-me/todo o tempo até que o amor desarme/porque só nos braços eu dormiria sem alarme". Pergunta-me se o belo verso-mote (que eu lhe ditaria) é a sombra do meu amor por si? É, também é: ele é sombra e mistério e melodia. Que quer, sou assim (de nascença) e refino com o andar do tempo, que se há-de fazer? Sabe? Eu ainda não!
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