É no corpo que a vida das formas mora
(Mensagem recebida)
Andava eu, andava eu, meu caro e ciumento admirador, andava eu a matutar, ensimesmada sei eu lá bem com o quê (ou às tantas até sei e não quero dizer-lhe), quando me apareceu em cima da minha mesa de trabalho um livro do Jacques Le Goff. Céus, pensei comigo, na Idade Média um corpo feminino nu (ups) e a ver-se a vista desarmada? Enganaram-se, digo, o Jacques e o Nicolas enganaram-se pela certa, só pode ser. Bom, decidi-me: deixa-me lá ir bisbilhotar; e não é que fui? - clique em "feuilleter l´extrait" - . Adiante que a sua curiosa mente me interpela por causa da imagem que lhe envio. Digo-lhe que sim, meu admirador de mim, digo-lhe que sim (eu sei, rimou, e sei que ainda não fez a pergunta, calma), mas respondo que é verdade, que as formas que vivem no espaço e na matéria também vivem no espírito: e que, por vezes, ganham vida no corpo. Não acredito! Diz-me que o caderninho preto da imagem (que está na mão esquerda) é o meu?! Pensa mesmo?! Sério?! Mesmo?! Também pensa que é a minha mão esquerda, com os dedos (perfeitos) ligeiramente dobrados (como que abandonados a algum sonho) que segura o meu caderninho, onde mora e se demora (escrita em letras redondinhas e desenhos rabiscados) a multiplicidade dos possíveis?! Chega, vida, fiquemos por aqui antes que os meus olhos grandes se esbugalhem e eu desate a corar, vida, acudam, Santo Deus! Mas sim, concordo consigo (sei bem do que falo, digo, sei bem do que escrevo, seja, sei bem do que suspiro): é no corpo que a vida das formas (fagueira) mora (e se demora).
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