As cócegas e o cérebro


(Mensagem recebida)
Pois claro que sim, meu caro admirador do horizonte-água que se alcança a partir do meu terraço, claro que sim: neste encontro, de certeza, irão ser (com minúcia) pensados temas importantes, quem sabe até possa aderir à "Comunidade Céptica Portuguesa" (tão grande é a sua forma céptica de estar na vida). Adiante que o dia me chama. Gostei, digo, adorei a sua "crença quotidiana", encontrei lá (divertida) a sua timidez a falar de mim (creio que foi com a minha mãe que aprendi a linguagem da timidez). E, céus, hoje acordei com um sorriso e sinto-me um rio com curvas suaves, lindo de se deitar os olhos, sou assim que se há-de fazer, sou a polia da sua vida, e gosto e gosto (sabe que escondo preces nas palavras, sabe, pois não sabe?). Não imagina o que possa ser uma polia? Vida, acaso já ouviu falar em roldana? Isso, isso mesmo, por mim passa o fio da sua vida: o seu cérebro que o diga, há lá neurónios que não dormem, só pensam em mim perfeita, lendo memórias apagadas em atalhos com cheiros de mim, e eu gosto. Acha mesmo? Estou a mapear bem o seu pensamento? Diz-me que, lendo esta minha mensagem, sente cócegas no cérebro? Não me diga, não pode ser. As cócegas, meu admirador ainda preferido, são uma forma íntima de aproximação dos corpos: quando as cócegas acontecem (com trejeitos de cuidado), o cérebro emite, isso sim, um sinal de alarme, o riso e a dilatação dos corpos tramam maroteiras, e agora (não tenho tempo e nem devo) mais não esmiuço...
Adenda
Jesus, Maria, há quanto tempo não tanto me ria! Não sabia, meu caro admirador, não sabia que era a sua polia? Via (tudo termina em ia, céus), digo, vida, pois a verdade é que sou como a roldana do meu terraço-água, roda que impulsiona o movimento, que dá sentido à sua vida. Estou divertida (rimou, ups), meu caro, sou polia, roldana, poliana eu sou, Santo Deus!
Nova adenda
A propósito de de cócegas, meu caro perguntador, oiça e pense...

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