A história do corpo humano

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O espinhoso conceito da adaptação
O nosso corpo apresenta muitos milhões de adaptações óbvias. As glândulas sudoríferas ajudam-nos a ficar frescos, o cérebro ajuda-nos a pensar e os enzimas dos intestinos ajudam-nos a digerir. Estes atributos são adaptações, referem-se a características herdadas úteis que foram moldadas pela selecção natural e promovem a sobrevivência e a reprodução. Regra geral, tomamos essas adaptações como garantidas, tornando-se o seu valor adaptativo evidente apenas quando deixam de funcionar devidamente. Por exemplo, talvez consideremos a cera dos ouvidos um incómodo inútil, mas essas secreções são benéficas, pois ajudam a evitar infecções auriculares. Contudo, nem todas as características do corpo são adaptações (não vejo nada de útil nas minhas covinhas das faces, nos pelos do nariz ou na tendência que tenho para bocejar), e muitas adaptações funcionam de modo contraintuitivo ou imprevisível. Para apreciarmos aquilo para que estamos adaptados, é preciso que identifiquemos as verdadeiras adaptações e que interpretemos a sua verdadeira relevância. Porém, falar é fácil. Um problema inicial que nos surge é identificar as características que são adaptações e porquê. Pensemos no nosso genoma, uma sequência de cerca de três mil milhões de pares de moléculas (conhecidos como pares de bases) que codificam mais de vinte mil genes. Em cada momento da nossa vida, milhares de células do nosso corpo replicam estes milhares de milhões de pares de bases, sempre com uma precisão quase perfeita. Seria lógico inferir que estes milhares de milhões de linhas de código são todas adaptações vitais, mas parece que quase um terço do nosso genoma não tem qualquer funcionalidade aparente, existindo apenas porque acabou por ser acrescentado ou por ter perdido a sua função ao longo do tempo.
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Retirado da introdução
Adenda
Evolução da medicina: aqui.

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