Como?! Não ouvi...

Até que, pensando bem, a disputa pela liderança no Partido Socialista Português (na sequência dos resultados do partido das últimas eleições europeias) é algo que pode ser muito útil; e, pode ser muito útil porque todos vamos ficando: mais esclarecidos sobre a vida interna dos partidos (nos seus jogos estratégicos e/ou jogos malabares) e menos esclarecidos sobre as reais intenções dos candidatos... Adiante. Na aparência, aceite-se, o que está em causa na disputa daquela liderança é, simultâneamente: escolher um candidato que leve o Partido Socialista à vitória nas próximas eleições legislativas em Portugal e provar que o Partido Socialista em maioria (ou em "coligação de esquerdas") saberá, no governo de Portugal, impor à União Europeia uma reestruturação das dívidas soberanas e exigir uma interpretação diferente do tratado orçamental... Pois sim, mas alimentar uma ilusão de uma reforma progressista da União Europeia pode vir a ser fatal para os partidos que a defendam... Daí que os dois candidatos à liderança do Partido Socialista Português (e os seus mais directos e ferrenhos e destemidos colaboradores) devam ler com atenção este livro de Jean-Pierre Chevènement, para perceberem como é que a Alemanha olha para o mundo e como é que a Alemanha vê o seu lugar no mundo: perceberão que a Alemanha não abdicará da sua visão estratégica (com euro nas actuais condições ou sem euro)... A talhe de foice, como é que cada um dos dois candidatos olha para Portugal e como é que cada um dos dois candidatos vê o lugar de Portugal no mundo? E saberão eles que a República Portuguesa está presa por arames? Como?! Não ouvi... 

Adenda (mensagem recebida e rabiscada a azul)
"Olálá, meu caro, estou deveras surpreendida consigo! Às tantas até tem razão no que escreveu; então não é que acabo de ler esta entrevista? Saiba que já enviei um recadinho ao Wolfgang e saiba que ele já me respondeu, cá para mim está com medo dos meus argumentos, está com miúfa, com miúfa mesmo!"... Está com quê? Miúfa?! Perguntei-me.