Quem não rabisca não se sente! Eureka, descobri, encontrei!


Eureka! Descobri! Encontrei! Quem não rabisca não se sente!... O que é que terá acontecido desta vez? Perguntei-me perante as inusitadas exclamações de uma fada aos saltinhos de feliz; percebendo que ela não tinha dado pela minha presença, fiquei a ouvi-la e admirá-la e ela continuou, imparável e saltitante, nas exclamações admiradas e solipsistas... Fazer, sentir e pensar é tudo o mesmo, só hoje descobri, oh vida a minha! As decisões acertadas só acontecem quando o cérebro e o coração estão de acordo, plim! E para activar o caminho bioquímico entre o coração e o cérebro, nada melhor que usar as mãos, isso eu sabia, ai sabia e sei; o que eu não sabia, é que os meus rabiscos produziam um efeito diferente mas similar, oh vida a minha! Dois dias sem trabalhar e já julgava que tinha embrutecido!... Gosto de a ver feliz, interrompi, e estou a pensar no significado das suas afirmações exclamadas mas qual é o significado da imagem que tem na sua mão direita? Curvilínea, respondeu, em dia de vestido azul e levantando o dedo indicador atrevido: é para lhe mostrar e provar que quando se usa conscientemente a mão, se alisa o caminho entre o cérebro e o coração; ora experimente desenhar mesmo com a sua falta de destreza (a evolução não se portou bem com o seu polegar, eu sei...); escolhi o compasso porque sei bem que não tem pinga de amostra da minha admirável capacidade de rabiscar. Tinha que ser, pensei comigo, não deixa por mãos alheias a sua vaidade inata, mas o seu objectivo é? Invectivei-a. Ai que lerdinho, exclamou; e sentenciou de franja solta: o objectivo é mostrar-lhe que só se tomam decisões acertadas e válidas quando a mão põe o cérebro e o coração de acordo... Ui! Ui! Ui! Vida a minha! Quem não rabisca não se sente! Eureka, descobri, encontrei!

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