Expediente ou fantochada?!

A forma como este este assunto foi tratado, é a prova provada de que alguns (muitos) são ignorantes, incompetentes e obtusos:
- são ignorantes porque não conhecem a verdade insofismável de que o direito à adopção é um direito das crianças, e não é um direito dos núcleos familiares heterossexuais, homossexuais ou monoparentais;
- são incompetentes (e intelectualmente desonestos) quando misturam duas matérias distintas (uma já aprovada na generalidade e outra já rejeitada na generalidade) neste referendo; e não é aceitável que um grupo parlamentar desconheça a lei do referendo;
- são obtusos porque se (por erros seus) deixaram que a lei sobre a co-adopção de crianças fosse aprovada na generalidade (e discutida na especialidade) no parlamento, deveriam assumir as suas responsabilidades e não recorrer a expedientes.
Pense-se:
- sendo o direito à adopção um direito das crianças, não é preciso ser muito inteligente para entender que é imperativo ultrapassar (por via legislativa) a forma que revestiu a legalização do casamento homossexual que proíbe a adopção de crianças a estes casais (Lei 9/2010), abrindo-se a possibilidade da co-adopção de crianças: é o superior interesse da criança que o exige. É este diploma legal da co-adopção (não da adopção) que estava em análise na especialidade e que já tinha criado legítimas expectativas a casais com crianças a seu cargo, que esses alguns pretendem destruir.
Se com este episódio rocambulesco (custa a acreditar, como outros dizem, que seja para desviar a atenção da crise social em que Portugal continua mergulhado), se pretendia barrar o caminho a uma novo diploma legal que possibilitasse a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, então a "emenda foi pior que o soneto":  é por demais evidente que essa outra nova lei, para ser aprovada, teria que ultrapassar barreiras intransponíveis; alguns, por exemplo (e muito, muito bem), defendem que a existência de uma lei que obrigue a não distinguir núcleos familiares heterossexuais, homossexuais e monoparentais em matéria de adopção de crianças, criaria possíveis situações de "engenharia social" nos processos conducentes à adopção de crianças institucionalizadas (ao cuidado do Estado)...
O que deveria ter acontecido? Deveria ter acontecido que "alguém com saber e bom senso" deveria ter percebido que perante uma questão de evolução cultural da sociedade (em que o superior interesse da criança estava salvaguardado), não fazia qualquer sentido a imposição da disciplina de voto a uma bancada parlamentar: a consciência de cada uma e de cada um que ditasse o sentido do voto.
O que vai acontecer? O que é previsível que aconteça: não haverá referendo, haverá algumas crianças que serão prejudicadas (algumas delas poderão até, sem necessidade, vir a ser institucionalizadas), e algumas senhoras deputadas e alguns senhores deputados continuarão a tratar da sua vidinha...
Finalmente, como classificar este episódio? Expediente ou fantochada?!

1.ªAdenda (20/01/2013)
Dizem-me que isto é mais "um prego no caixão da democracia representativa"... A mim, cheira-me bem mais a manobras políticas de "um grupelho" de aprendizes de farsante; e outros (também farsantes) que "integram uma bancada (parlamentar) que faz poiltiquice da mais rasteira com valores civilizacionais dos mais elevados". Repugna, mas aconteceu. Ponto.

2.ªAdenda (20/01/2013)
Abro uma excepção para dar voz a quem oiço sempre quando tenho dúvidas... Divergimos, neste caso, em alguns pontos, mas a minha consideração ainda é maior, depois de me confrontar com a frontalidade (e a acuidade) com que este assunto é abordado:
- “Hoje foi publicada a Resolução da Assembleia da República 6-A/2014, DR n.º 13 Suplemento, de 20-01-2014, respeitante ao Referendo à possibilidade de co-adopção e adopção por "aqueles" que não me interessam mesmo nada. O que eu gostava é que as crianças tivessem todas, um pai e uma mãe, e que as crianças que não os têm, fossem acolhidas por casais que tenham uma real e sincera vontade de ter um filho, mesmo não sendo biológico (há muitas famílias que desejam filhos e não os conseguem conceber, os funcionários do Estado que são incompetentes e os trabalhadores das IPSS e afins, igualmente incompetentes, é que não sabem, não conseguem, fazer felizes crianças e famílias que as desejam). O referendo é só para a direita partidária ter uma vitória política e enxovalhar a esquerda, porque há sérias e reais possibilidades do "não" vencer (digam o que disserem, a realidade social portuguesa não está tão avançada como algumas leis, e diga-se que ter dois pais ou duas mães não é natural, não foi assim que a natureza pensou as coisas). Tenho dito. 

3.ªAdenda (20/01/2013)
Abro uma nova excepção (merece-me todo o respeito e consideração quem a justifica), para aqui publicar esta  mensagem (e os seus anexos):
- “O assunto versado, é não só pertinente, como nos leva a questionar o que é que muitos Deputados estão a fazer na Assembleia da República. A banquetearem-se estão de certeza…".
.../...
O melhor restaurante de Lisboa (preço/qualidade)
ENTRADA
Caviar beluga .......................................1 €
EMENTA
gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo 
Vinho: Palácio da Bacalhoa ..................3€
BEBIDAS ESPIRITUOSAS
Mini .......................................................0,10€
Vodka Eristoff .......................................1,50€
Gin Bombay Sapphire ............................1,65€
Whisky Famous Grouse ..........................2€
1 garrafa de champanhe Krug .................3 €
Café ........................................................0,05

MORADA: Palácio de S. Bento1249-068 LISBOA
CONTACTO: Tel: 21 391 9000

FONTE: Isto não é o Dubai é a Assembleia da República
Publicado em 26 de Julho de 2013    
Um jornalista tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da Assembleia da República

“A propósito de uma tabela de preços do bar da AR (Assembleia da República), postada ontem na página do facebook da Maior Tv, um comentário de um dos nossos leitores lançou-me o desafio. Escreveu ele: “gostava era de saber como é que ainda há pessoas que acreditam nisto!!! Percam tempo com coisas concretas e inventem menos!!!”

Pois bem, seguindo o conselho deste nosso leitor, vamos então “perder” um pouco do nosso tempo com coisas sérias.
Consta do Orçamento da AR para este ano (publicado em Diário da República) a rubrica: “Serviços de restaurante, refeitório e cafetaria – 960.850,00” (quase 1 milhão de euros). Prevendo-se a receita de 260 mil euros proveniente da venda de senhas de refeição. Isto é: tendo em conta o preço de custo, as receitas não ultrapassam os 30 por cento, o que equivale a uma venda abaixo de custo na ordem dos 70 por cento.
Mas pior do que isto, é o facto de ser o povo português a pagar a diferença que existe entre os 260 mil e os 960 mil euros. Para que não restem dúvidas, o povo português paga cerca de 700 mil euros/ano para que os deputados da AR comam e bebam do melhor.
Segundo o caderno de encargos, no refeitório terá de ser servido
Sopa: normal e dieta (obrigatoriamente elaborada com base em vegetais frescos e/ou congelados, sendo proibido o uso de bases pré-preparadas. São admissíveis sopas com elementos proteicos uma vez por semana – sopa de peixe, canja de galinha, etc.).
Carne, peixe, dieta, opção, Bitoque. Pão, integral ou de mistura; Salada; Sobremesas incluindo, no mínimo, 4 variedades de fruta e 4 de doces/bolos/sorvete, além de maçã assada e salada de frutas. Exige ainda o caderno de encargos, uma mesa com complementos frios (saladas), com no mínimo 8 variedades entre as quais se incluem, obrigatoriamente, tomate, alface e cenoura, além de molhos e temperos variados.
Uma mesa com um prato vegetariano e mais 4 componentes quentes vegetarianos (cereais, leguminosas e legumes). Sobre os ingredientes é exigido o seguinte:
Café: “O café para serviço nas Cafetarias deverá ser de 1ª qualidade, em grão para moagem local, observando lotes que incluam um mínimo de 50% de “arábica” na sua composição”. Bacalhau: “O Bacalhau deverá ser obrigatoriamente da espécie Cod Gadusm morhua. Pode apresentar-se seco para demolha, fresco ou demolhado ultracongelado, observando-se como tamanho mínimo 1 Kg (“crescido”), para confecções prevendo “desfiados” (à Brás, com natas ou similares) ou 2 Kg (“graúdo”) para confecções “à posta”. Carnes de Aves: “Peru (inteiro em carcaças limpas com peso superior a 5 Kg, coxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais). Frango (inteiro em carcaças limpas com peso aproximado 1,2 Kg, coxas e antecoxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais).
Agora vamos aos preços
Um jornalista meu amigo tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da AR.
Recorde-se que as refeições escolares no ensino básico atingem os 3,80 euros. O jornalista comparou os preços do bar da Assembleia da República frequentado por deputados e ministros, e ficou abismado. Eram 8 da manhã. O jornalista pediu um café e um bolo de arroz, afim de tomar o pequeno-almoço, tendo pago 15 cêntimos, 5 do café e 10 do bolo. Vendo ali “mama da grossa”, o jornalista bebeu 10 (Dez), repito 10 minis, tendo pago apenas 1 euro, (pois cada mini custa apenas 10 Cêntimos)!
A meio da manhã, o jornalista “mamou” um gin Bombay Sapphire (1,65 euros), e já perto do Almoço um vodka Eristoff (1,50 euros), para abrir o apetite.
Ao almoço, o jornalista comeu gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo, regado com Palácio da Bacalhoa, por 3 euros! Depois e para rematar um whisky Famous Grouse, que custou (2 euros). Já de tarde solicitou uma garrafa de champanhe Krug (3 euros a garrafa) e caviar beluga (1 euro). O jornalista passou a tarde no bar da AR, rodeado das deputadas Rita Rato (PCP), Francisca Almeida (PSD), Ana Drago e Marisa Matias do (BE). Assim, por tudo isto, o meu amigo jornalista gastou qualquer coisa como13,30 €uros, num pequeno-almoço, almoço de marisco, com entradas de queijo da serra, presunto e caviar, com vinho do Palácio da Bacalhoa, e pelo meio alternadamente bebeu whisky, vodka e gin, rematando com champanhe Krug. Obviamente saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato lá isso foi…
Agora sim, acabamos de perder um pouco do nosso tempo com coisas sérias!

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