Se assim é, são coincidências no tempo, aposto eu!
Em
1885, Oliveira Martins incitava o rei D. Luís, convidando-o a livrar-se dos
regeneradores: “Lembre-se o rei do que
lucrou o seu avô em bandear-se com um partido; lembre-se do que lucrou sua mãe
em se identificar com a causa cabralista (…) reconheça que os seus escrúpulos e
os seus receios (…) põem em risco a magistratura que exerce”. E, anos mais
tarde, sinalizava a falta de escrúpulos e de receios ao novo rei D. Carlos, em
palavras que hoje sabemos proféticas: … Quando
os partidos políticos se mostram impotentes, por vezes, o Chefe do Estado cria
um simulacro de partido, nomeando um governo ecléctico. E não é raro também que
esse governo, radicando-se, se torne a origem de um verdadeiro partido. Mas
este processo, para ser eficaz, requer duas condições difíceis: uma é o acerto
na escolha; outra, que os escolhidos dêem, ou possam dar, boa conta de si. Não
correspondendo à expectativa - legítima ou infundada, é indiferente para o caso
-, o povo lança a responsabilidade para a coroa. Aí está o perigo”.
Brilhantemente,
António Sérgio, assim descreveu, no segundo quartel da primeira metade do
século XX, o pensamento atribulado do rei D. Carlos: “Bandear-se com um partido era arriscado; deixar-se ir com todos, pior
ainda. Tinha defeitos o rei D. Carlos, porventura grandes; mas que os não
tivesse: situações há, que não sofrem remédio, superiores à vontade e à
inteligência humanas. Em casos tais, o turbilhão das forças arrasta os homens;
ele abate nos seus aludes os próprios Césares e os Napoleões”.
Será
que vivemos hoje em Portugal tempos tumultuosos e similares (e apenas mudaram
os actores, os contextos e os pretextos)?! - A história não se repete,
respondem… Se assim é, são as coincidências no tempo, aposto eu!
Comentários
Enviar um comentário