À cautela, vão a pé a Fátima!
Reuniu, na
segunda-feira passada, o Conselho de Estado convocado pelo Senhor Presidente da República; e o objectivo desta reunião seria
pensar estrategicamente o futuro de Portugal, a partir de Junho de 2014, após o
fim da actual intervenção da denominada “Troika” (Fundo Monetário
Internacional, Comissão Europeia, Banco Central Europeu). Se cruzarmos a
informação que consta no comunicado final da reunião (que durou sete longas horas), com as declarações avulsas (será que ostensivamente intencionais e encomendadas?!) de
alguns conselheiros, não teremos dúvidas de que o que esteve em causa, foi, apenas e só, ganhar tempo e preparar o país para eleições legislativas antecipadas, a
realizar em Maio de 2014, em simultâneo com as eleições para o parlamento
europeu e com o início de um processo de renegociação do malfadado memorando com a "troika". Atente-se (é importante, sem dúvida) que, sem uma nova renegociação, Portugal não tem hipóteses de pagar a dívida monstruosa que o Estado Português contraiu, a menos que a saída de Portugal da zona euro aconteça com carácter imperativo: para desgraça de todos (de alguns e os mesmos de sempre quando toca a pagar dívidas, quero eu dizer!), assim parece ser, e em política o que parece é!... Pensemos. Até Maio de 2014, o fundamental, então, é aguentar o barco à tona de água e não fazer ondas, já que, em Setembro próximo (previsivelmente e porque o orçamento para o ano de 2014 é demasiado importante, terá que haver antecipação da data das eleições autárquicas), se realizarão eleições autárquicas e ninguém sabe o que poderá acontecer… Os
senhores conselheiros (muitos do quais com uma enorme responsabilidade na
actual e desgraçada situação do nosso país, para nossa tristeza e de forma displicente, vão assobiando para o lado), sabem bem que é preciso tempo
para amadurecer, pensar e delinear, com segurança, uma possível (mas não desejada) saída de Portugal da zona euro (as perdas seriam brutais, mas todos temos que o saber de forma correcta e concreta, é um direito que nos assiste!)... Os senhores conselheiros sabem bem que estudar e pensar a saída de Portugal da zona euro, também é
um tema absolutamente vital para encontrar uma saída da crise financeira, social, económica
e política em que o nosso país está tragicamente atolado. Mas se o sabem,
melhor o escondem… Se Portugal tem urgentemente de relançar a actividade
económica, não é justo nem é correcto que se silencie uma necessária discussão pública
sobre as vantagens e as desvantagens da saída de Portugal da zona euro. O problema é que, nessa
discussão pública, três segredos (politica e convenientemente muito bem guardados e muito bem escondidos) seriam
desvendados e escalpelizados. O primeiro: a dívida de Portugal não foi
contraída pelo povo português e nem foi contraída em seu benefício; decorre,
isso sim, da lógica da integração europeia imposta pela Alemanha e foi alimentada
pela conivência de vários governos de Portugal; e culminou, desgraçadamente, na destruição completa
da capacidade produtiva do nosso país: na indústria, na agricultura, nas pescas
(quem nada produz e tem de importar 80% do que consome, endivida-se todos os dias, é óbvio!). O segundo: os malfadados negócios ruinosos que envolveram fundos comunitários, as parcerias
público-privadas, os bancos BPN e BPP (e outros ainda) e as rendas excessivas nos combustíveis e
na energia, têm a sua origem em descabeladas trafulhices jurídico-financeiras; e, sabe-se (alguns até o sabem demasiado bem), quem
são os seus responsáveis, ainda que embrulhados em gongorismos jurídicos de aldabrões e maus pagadores. O
terceiro: apregoar que uma determinada origem da dívida portuguesa tem a ver com o facto
de os portugueses terem vivido acima das suas possibilidades, é uma oportuna e escolhida falácia
porque os políticos (e outros) sabem bem que o cidadão comum nada tem a ver com isso; e o cidadão
comum sabe muito bem que os políticos e os banqueiros, esses sim, viveram e gastaram
à tripa forra o dinheiro dos contribuintes, o dinheiro dos
depositantes e o dinheiro dos fundos comunitários.
Vamos, então, ao que interessa. Sabem os
senhores conselheiros o que aconteceu, em tempos idos, após sessenta anos de dominação filipina
em Portugal? Não sabem?! É prudente que se informem, que pensem no assunto e, se ainda lhes resta algum brio, arrepiem caminho enquanto é tempo… À
cautela, vão a pé a Fátima!
Luís
ResponderEliminarO relato é trágico mas é fiel e eu náo vejo saída com esta partidocracia.
O Povo tem que tomar o poder, eleger os seus melhores e correr com esta gentalha politico/financeira que arruinou o páis.
São mestres a sacudir a culpa e ainda há povinho que lhes dá crédito.
Abraço