Toda a compreensão é fundada no incompreensível


Privo com as palavras desde que aprendi a ler aos cinco anos de idade, e gosto. Com as palavras a tiracolo, descobri o sentimento de magia e de mistério, descobri o assombro de com elas criar, mudar, até de as transformar em arma de arremesso, de lhes dar a leveza clássica de uma pluma ou de aragem matinal, e até descobri a arte de mentir com a verdade, de criar um mundo novo, uma batalha imaginada, uma tragédia que não aconteceu, mesmo até de soprar vida na matéria inerte. Aprendi ainda que não há palavra para palavra... Mas hoje, se o assombro - que as palavras me causam - permanece inalterável, sei que as imagens falam e também sei que as imagens podem ser lidas. Ler imagens é um desafio que Alberto Manguel bem explica num livro (aqui percorrido). Vem isto a propósito de, hoje, me ter confrontado com dois textos, este (2021) e este (2023), sobre o mesmo assunto: sobre um acontecimento anunciado em 2021 e que está a ocorrer em 2023. Adiante... Se consigo ler e compreender a mensagem que se esconde em mais uma pintura (1909) de Alexej von Jawlensky (que dá vida e cor a este textinho)? Claro que sim, consigo.

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