Vida!, sorte a minha!, silêncio denso o meu!: escute-o!















(msg recebida)

Afirmam que não, que não, que não é possível, garantem, meu caro, dizem que não é possível que eu tenha vivido outras vidas e que me lembre de tal ter acontecido, duvido. Adiante, vamos lá, foi assim. Lia deliciada e de afogadilho o livro de John Took "A Importância de Dante - um Guia para Pessoas Inteligentes", quando me caiu em cima (vinda sei eu lá bem de onde) a imagem que lhe envio (deuses! é uma imagem que é um padrão de mim no acordar), e então não é que me lembro daquela antiga e preciosa janela de guilhotina, da minha pose de verdade personificada e dos meus pensamentos em trambolhão? E mais: aquela caneta de pena de pato é minha, foi minha, a minha caneta preferida, céus!, quão tanto agora recordo a paisagem na minha frente, carreiros, choupanas, jericos amarrados, um largo, uma capela, duas ruas não calçadas e lá ao fundo outeiros, montes escalavrados e o rio do anascer para os lados da serra quebrada. O que me diz?, não! que a imagem é uma obra de arte?, que a verdadeira existência de uma obra de arte é o que ela consegue comunicar e que essa existência ultrapassa qualquer limite histórico?, que uma obra de arte ocupa um presente intemporal? que eu sou o seu permanente objecto de afeição e o seu constante desassossego de ser, que eu sou o seu hínico presente intemporal? Vida!, sorte a minha!, silêncio denso o meu!: escute-o!

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