Sabe que o sabor mora no cérebro? Não sabe, vida!

Some of Proust’s notes for “Swann’s Way,” with doodles.

Bibliotheque nationale de France (BnF), Paris, France

Credit..Bibliotheque nationale de France (BnF), Paris, France, Dist. RMN-Grand Palais/Art Resource, NY

(mensagem recebida)
Pois sim, de facto, meu caro, até que concordo, a sua ideia de escolher a memória para perceber melhor a realidade, até que sim, gosto.Vai daí, lembrei-me da madalena de Proust, vida, aquele Proust, demore-se na imagem acima (uma página do caderninho dele), aquele Proust tinha a mesma mania que eu, a mania de desenhar imagens nos cantos das páginas, que vida a minha, adiante que tenho escrever um ponto final. Sabe que o sabor mora no cérebro? Não sabe, vida! Como diz? Céus, isso seria uma outra longa conversa. Diz-me que, nesse caso da morada do sabor, a memória é o cérebro, garante que cada um de nós não é uma abstração de um sujeito transcendental, que cada um de nós é a concretude de uma história incarnada no presente, é um corpo vivente e pensante. Parênteses. No que a mim toca, amen, mas atenção: o que eu sou, aqui e agora, é, por um lado, o produto de uma história que me acompanha desde o meu início e que, em verdade, me precedeu; mas, por outro lado, a minha história não me determina, a minha história é o que sobra de mim, da minha criatividade, do meu ser eu (raios e coriscos, não paro de olhar os desenhos do Proust, que sina, iguais aos meus). Fim de parênteses. Nada não, nem uma pinguinha de acordo, Santo Agostinho e Bergson (excelentes pensadores, sem dúvida!) alardam muito saber quando dizem que a mente é a memória, mas não alinho nem com eles e nem com o a afirmação de que a memória é o cérebro, seja: dizer que eu sou é muito mais que contar a minha vida, é muito mais que desenvolver (desenvelopar) as minhas lembranças e encrencas, a minha história não me determina, prova disso, é que, sensível ao mistério da vida, aqui estou eu a falar consigo por minha vontade expressa, e gosto e gosto. Sou assim, que se há-de fazer, cultivo ideias em mim e, valha a verdade, quando a mostarda me chega ao nariz, ui, por dá cá aquela palha (ou até por um puro nada) vou aos arames, agora não é o caso, tenha um bom dia.
Adenda
Céus, por acaso (por acaso é como quem diz), hoje até é dia de ir aos arames: leia, por favor, este "Editorial". Que categoria! Por cá, meu caro, a comunicação social diverte-se em coisas e loisas e afins e quejandos e mais ainda; ali ao lado, na Espanha, pumba, o respeitinho à política foi mandado às malvas com aquele texto demolidor e, no caso vertente, bordoadas no lombo, digo eu, só se perdem as que batem no chão, adiante. Gosto, assim é que é (memória operativa a minha!), vou guardar aquele "Editorial" para memória futura. Eu disse memória futura?! Amanhã passado, trocarei consigo alguns pensamentos jurídicos sobre o tema, cuide-se!

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