Há processos de percepção comuns a todos os observadores

 

(texto-fragmento)

É evidente, sem espinhas, meu ciumento admirador preferido, é evidente que observando, no mesmo tempo, a "Composition VI" de Wassily Kandinsky (acima na imagem) e o meu desenho (que dá sentido a esta sua, perdão, digo, que dá sentido a esta minha página), é evidente, repito, que os dois têm parecenças, parecenças a modos que passadas por açúcar em ponto, céus, sei eu lá bem porquê, claro que sei, olho-a e olho-o (o meu desenho, está bem de ver, ups) com os olhos do espírito, não sou cega dos olhos da cara e conheço bem o coração humano. Parecenças, hum, só se for nas linhas curvas, respondi com ar despreocupado mas a sorrir para esconder o meu espanto (ela estava linda!), e continuei: a sua vontade de morar de sentidos acordados em tudo o que seja arte é sina antiga, porém, recordo-lhe este estudo que, creio, vai um pouco mais longe, considere, com atenção por favor: perante a arte abstracta quem primeiro manda são as emoções. Que grande novidade me dá, retorquiu, vida, oiço ao longe sons de tamborim, adiante, há muito sei que dizem que é disparatado pensar que desfrutar a arte não é primeiro para os mais entendidos (para os que têm mais conhecimentos), mas não é que não é mesmo primeiro para os mais entendidos? Sei, de fonte limpa, que há processos de percepção comuns a todos e quaisquer os observadores, ou seja: o nosso cérebro fixa-se primeiro na parte emocional e só depois activa a parte cognitiva para separar o trigo do jóio sem visgo de incerteza. Vi-a suspirar de uma maneira que tenho dificuldade em entender, e não fui de modas: tudo isso tem a ver com as cores, umas são quentes e outras são frias, umas provocam felicidade e outras tristezas? Meu caro, meu caro, invectivou-me divertida, deixe-se de sornices, e chimpou: as cores têm fulgores que revelam (misteriosamente) o íntimo das nossas preocupações, são assim a modos que uma espécie de memento de ritmos a que a vida obedece.

Adenda 1 - Com memória e música.

Adenda 2 - Há dias em que a miséria do mundo nos cai em cima, com variações tolas à mistura (burocracia e impessoalidade de uma ministra da solidariedade e da segurança social perante uma tragédia em que morreram 18 pessoas..., que mais falta para lhe apontarem, imperativamente, a porta da rua?), causa arrepios. O descarte daqueles a quem a sociedade não dá lugar não arreda pé, enfim, é a vida!

Adenda 3 (17 de Agosto de 2020) - Qual difícil é a alguma comunicação social dizer (sem gongorismos) que a ministra é incompetente para o cargo que desempenha, até um cego vê que assim é! Porque será? Considere-se...

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