Na vida há momentos simples que podem ser uma dádiva

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É lícito, depois do que me aconteceu, é lícito pensar que, quando ando em busca de um tema, mais me sinto numa caçada mental, menos própria de mim e mais própria de um experiente perseguidor de surpresas. O que aconteceu foi assim: subitamente, olhei, vi e li a expressão "Adagio in G Minor", vi e li a expressão como quem entra numa mensagem. Primeiro, com a memória reavivando recordações, são as memórias (recônditas) que nos permitem ver mais dentro da realidade do mundo e da vida. Depois, procurei e encontrei o que procurava sem saber que procurava: uma pintura e uma música (com o mesmo nome e ambas feitas da alma do mundo) que, juntando os seus predicados numa espécie de presente intangível desde o princípio do tempo e do amor, se impuseram encantadoras. Estou certo que foi assim que aconteceu, mas não sei explicar porquê aconteceu, porquê me aconteceu a mim. Agora (uma: pintura e outra: música), impõem-se aos meus sentidos atentos, mostram-se aos meus olhos, invadem os meus ouvidos, e desvelam, nesta escrita, o meu esparramado espanto, seja: sem o tencionar (e sem o ter previsto) senti-me arrebatado no ruído que o silêncio de uma figura feminina fazia enlaçada numa sombrinha branca e no lento fluir da alma de um rio de música que se escondia em imagens. Quem mora por detrás da pintura? Perguntei-me. Quem flui na música que sinto tão perto de mim que até atordoado fico? Quis eu saber. Se eu tenho a certeza de que é "quem" e não "o que"? Claro que tenho mesmo a certeza de que é "quem" e não "o que", seja, é alguém que trago em mim em fundo musical saboroso. Estranho, muito estranho (ou talvez não!) é eu ter ouvido uma voz doce e delicada (sem lacunas de sensibilidade) que me chamou de "Senhor Ninguém": Senhor Ninguém, acorde para a vida, faça com que o sol apareça. Ouvi a voz: em jeito de inteligência derramada, de grande discernimento e de muito coração. Concluo (e assim termino), dizendo que na vida há momentos simples que podem ser, ao mesmo tempo, uma dádiva e uma aguada curiosidade para descobrir mistérios e tesouros. Sobra-me a ideia de que ser pesquisador de surpresas é assim a modos que aprender a explorar preciosidades únicas: gosto da ideia, não a dou, não a empresto e não a vendo, apenas agora a divulgo.
Adenda
... no entretanto, com a pintura e a música em fundo, irei vaguear por aqui.

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