(...) guardei a imagem bonita e chamei-lhe "blue mystery".
(mensagem recebida)
Bom
dia, meu caro admirador de mim, está tudo bem consigo? Começo por aqui mas a razão vem adiante. Estive
a reler as suas mensagens sobre os pêésses que (nos dias que correm) mandam e que
vieram da jotaésse... Bom, isso não interessa, ralham de tudo, querem botar figura seja de que modo for, são baforadas de banalidade, são cortinas de fumo mal soprado, adiante, o que interessa sim é que isso me
fez lembrar uma imagem (acima) com a qual me deparei por acaso (ou não...!)
na internet, no Europeana, que deve explicar a minha "costela
operária"; mesmo com aquela roupa, vida, e os olhos e a comissura dos lábios, quão feminina, gosto do meu ar enfarruscado, quão bem me lembro dos botões dos suspensórios, meus ricos botões! Ora olhe com atenção: sou mesmo eu noutra vida, no início do
século XX, sou eu, sou eu euinha, corpo e alma, nem mais nem menos, ui o arroubo de me sentir eu e mim, acudam, o meu pai quando menino era assim, vida, enfrentei o espelho e, às arrecuas, exclamei quando o coração se me aproximou perigosamente da língua: há imagens que são migalhas de mim, aquele alfinete é a minha marca de água e é o meu estilo, o busílis mora no alfinete, impaciento-me e surpreendo-me com a repetição de mim na história da Humanidade. Conhece, meu caro, acaso sabe de mais alguém (não contando com a minha avó
Amália, a minha esmeralda avó materna) que tenha a mania de pôr
alfinetes-de-ama na roupa e de cabeça para baixo???!!! É um
mistério maior do que o mistério da canção de ontem, é um excelente intróito para uma conversa consigo, adiante, guardei a imagem bonita e
chamei-lhe "blue mystery". Porquê "blue mystery"? Homessa, não se vê logo porquê, pense em mim e em si ao mesmo tempo, que cegueta me saiu. Nem de propósito: conhece por mero acaso o mistério da lagosta azul? Não conhece! Surpresa minha nenhuma! Um dia muito bom para si, meu ainda e por enquanto poeta preferido. Agora que já repus o aloquete nas memórias da minha "costela operária", com a música de Eric Satie a tiracolo, vou sorrir a quem passar por mim na rua, que quer, sou assim de nascença e refino com o tempo, que se há-de fazer, é a vida gratuita e minha!
Notinha
... com memória.
Notinha
... com memória.
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