Em domingo de calor: variações à roda de um acrónimo célebre

wysiati  wysiati  wysiati
Ora, vamos lá a acordar, hoje é domingo, vai estar calor, há que acordar cedinho, espero que não se agaste, colei três cartolinas na sua parede do seu quarto, digo, colei três vezes a mesma cartolina (com uma mensagem em letras pretas) na parede branca do seu quarto de dormir. Tinha que ser, disse de mim para comigo, outra vez um sonho numa noite de insónias; mas, espera aí, está mesmo uma cartolina colada na minha parede..., uma, duas, três vezes a mesma cartolina, não consigo ler uma palavra, que raio de charada, vou dormir, quero lá saber, a minha dor de cabeça tinha resistido às aspirinas..., mas ela, uma voz que bem conheço, não parou de me azucrinar os ouvidos: não está lá uma palavra, estão lá, meu caro dorminhoco, estão lá sete palavras, trata-se de um acrónimo. Fiz que não a ouvi, mas a voz continuou: trouxe-lhe as três cartolinas (que  já colei na sua parede) - com uma mensagem única (e encriptada) - porque li (trasantontem) que o primeiro ministro de Portugal, zangado, se encabrestou (reconheço que a vida dos números tem que se lhe diga!) com os dizeres da ministra da saúde, uma ministra com jeitos e trejeitos de pespineta; assim tendo acontecido, tive necessidade de saber o porquê. E daí? Que tenho eu a ver com isso? Perguntei meio ensonado. Homessa, daí que a resposta ao meu porquê esteja à vista (em forma de acrónimo) na cartolina, respondeu num sorriso disfarçado (quão bem conheço aquele sorrisinho!), sabe que eu gosto de partilhar consigo as minhas descobertas, pois não sabe? O que sei, disparei, isso sei, é que gosta de me acordar por dá cá aquela palha, sou todo ouvidos, se tem que ser assim será, um acrónimo de...? Isso, suspirou, vamos lá, leia comigo: "what you see is all there is"; se bem se recorda, já em tempos lhe falei sobre este mesmo assunto (e ainda mais uma outra vez). Não acredito, apressei-me a retorquir, eu já sabia desse caricato incidente entre governantes do pêésse: está a pretender dizer-me que o primeiro ministro utilizou o "sistema 1" de pensamento - que funciona de forma rápida e automática - em vez de utilizar o "sistema 2" de pensamento - a parte racional do pensamento - ? Percebe-se bem que ainda não acordou, respondeu (que forma guicha de ser, que raiva!), óbvio que estou dizer exactamente o contrário, seja, o primeiro ministro não só chamou pespineta à ministra (quando a invectivou, tipo não me venha com tretas) quanto ainda deu à sola (ó abre!) - no momento certo - deixando o presidente da República a apanhar bonés: uma fantástica trivela, uma trivela de se lhe tirar o chapéu, lá isso foi!
Adenda
Era só que faltava, a cereja em cima do bolo! Depois de ter ouvido uma voz guicha a perorar sobre um incidente com governantes (a propósito do desenvolvimento e combate à pandemia Covid-19, que por aí anda e grassa), eis que num programa televisivo (de humor, só podia ser!), no fim deste dia de domingo, o primeiro ministro de Portugal se saiu com esta brilhante tirada: "As vacinas é para ficarmos imunes aos vírus; os antibióticos é para combater os vírus". Pode lá ser! Minha rica língua portuguesa, quão tantos são os desaforos que tu aguentas! Mas mais, pode lá acontecer! Pode acontecer que um primeiro ministro não saiba para que servem os antibióticos? Pelo visto e ouvido, pode. Que sina! Bactéria ou vírus, que é lá isso, é tudo a mesma coisa, o que é preciso é olhar em frente e tudo ao molho e fé em Deus, há que deixar correr o marfim e o que for soará. Maldita sina!

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