A poesia e a astronomia têm muitas parecenças, pois não têm?

“Pastor sou de estrelas, tanto como se tivesse de apascentar todos os astros físicos e planetas. As estrelas na noite são o símbolo dos fogos de amor acesos na treva da minha mente. Parece que sou o guarda deste jardim verde escuro do firmamento, cujas altas ervas estão bordadas de narcisos. Se Ptolomeu vivesse ainda, diria que sou o mais sábio entre os humanos para espiar o curso dos astros.” Ibn Hazm, Córdoba, século X

(mensagem recebida)

Que quer, meu admirador refinado e meu privilegiado confidente, acontece, sonhei com a minha estrela de origem (nasci numa estrela, sabe, pois não sabe?) e, com música em fundo, desatei a pensar: que sonho maneirinho, encontrei nele uma citação (acima) de um poeta árabe so século X e, estrela minha brilhante, disse-me eu a mim que a imaginação poética e a astronomia sempre andaram de mãos dadas ao longo da história da Humanidade. Aquele Ibn Hazm, era, aposto que tinha olhar azul, era, dizia eu, um sábio e um poeta de estalo, ora releia o textinho dele mais uma vez, minha vida, que bem pensado e quão bem escrito. Fui à cata de saber mais e quase me atropelei. Descobri que os primeiros poemas da Humanidade foram escritos na Suméria por uma encantadora princesa e sacerdotisa de nome Enheduanna; e confirmei o que há muito eu já sabia: que Sócrates, o Escolástico, dizia que a sabedoria de Hipátia era excepcional no que diz respeito à astronomia: enquanto investigadora científica rigorosa e como experiente tradutora dos textos clássicos para os seus alunos. Vida, não se me sai da cabeça aquele misterioso "jardim verde escuro no firmamento, cujas altas ervas estão bordadas de narcisos". Céus, este meu inconsciente criativo sempre me assiste, vá lá saber-se porquê (por causa das altas ervas bordadas de narcisos, só pode ser, óbvio!), deuses, lembrei-me agorinha mesmo de uma deliciosa peça de Liszt: "S. Francisco de Assis pregando aos pássaros". Sou assim, sou assim de nascença, que quer, adiante, que o dia já me chama. A poesia e a a astronomia têm muitas parecenças, pois não têm? Claro que têm, eu o sei, eu o digo, eu o escrevo, tenha um bom dia, ponto.

Notinha

Lembra-se? E ainda...