Tente precisar o que Kant queria dizer com "das Ding", ando por lá

Le Déjeuner sur l'Herbe
(mensagem recebida)
Pois foi, meu admirador de mim e daquilo que para si eu represento, pois foi, foi mesmo, fiquei sem fala quando li (e reli) o seu texto de ontem, a sua ausência estava a ser esmagadora e quase aflitiva, um mês longo como um século, o seu texto é um texto revisitado e reescrito, pois não é? Vida, criatividade minha, adorei ver mais uma vez o meu lápis azul, e até senti o cheiro das rosas enquanto um rio corria em mim. Vai daí, decidi hoje partilhar consigo um quadro de Manet (de 1862/1863) - sim, óbvio, sei que Manet se inspirou em modelos de quadros do século XVI, mas isso não vem agora ao caso; ainda assim, sugiro-lhe a leitura deste artigo, vai gostar, aposto - , partilho consigo esta imagem porque - mania minha - eu viajo nela clandestinamente: por isso me separei daqueles três para me tornar menos vista. Céus, diz-me que não tem dificuldade em ver uma representação de mim com os pés na água e à coca para ouvir a conversa e jura a pés juntos que essa imagem objecto-representação de mim tem a ver com a imagem objecto-original que eu sou, todos os meus trejeitos peculiares lá estão. Mal que lhe pergunte: trata-se então de uma ou de duas imagens de mim? De duas, ouvi bem o que respondeu, de duas imagens porque o meu verdadeiro original está inacessível, bingo, gosto, numa linguagem filosófica "a coisa para si" não é "a coisa em si", certo? De outra forma, traduzo o seu pensamento: as duas imagens de mim são uma presença virtual de uma minha presença real inacessível, é nos dois fenómenos - na sensibilidade própria de eu e mim -, aquilo que o sistema humano de percepção-consciência consegue captar, que se abre uma dialéctica com outro mundo, separado, disjunto, mas por isso mesmo posto em jogo: o mundo do real que surge plenitude quase imensidade, baça como o céu cinzento onde a aurora ainda não despontou, o mundo da minha sensualidade astuta e única que viaja clandestina nas obras de arte. Meu Deus, quão filósofo me saiu, diz-me que de eu-mim recolhe o meu olhar inquieto para pensar com palavras e que de mim-eu rapina o meu cuidado em me alindar para imaginar com imagens, adoro, deixe-me adivinhar o seu rosto corado em devaneio inquieto. Vida, quanto eu gosto de o incentivar! Com o meu melhor sorriso debruçado sobre os amores perfeitos do meu terraço de horizonte-água, aqui lhe deixo mais um desafio em jeito de bloco de pensamentos: tente precisar o que Kant queria dizer com "das Ding", ando por lá.
Adenda
Acredite, não perde nada em revisitar este livro: descobrirá o que possa ter sido (em esboços de actividades criativas) a inteligência pré-reflexiva e pré-cognitiva.

Comentários

Mensagens populares