O pensamento imaginativo, com emoções a tiracolo, não tem limites

    
Mensagem recebida
Estava eu, um tudo nada, seja, um pouco debilitada (cretina de rima!) e aspirando o ar amadurecido do outono, estava eu a apreciar os discursos políticos sobre a importância da regionalização em Portugal: ora quero eu, ora queres tu, agora não falas tu, agora falo eu, o povo é que sabe se fizer como eu digo e não como tu pensas, e assim por diante, coitadinhos, ups!..., quando ouvi uma voz, digo melhor, quando me mandei dizer a mim, meu admirador em todos os dias (e com especial admiração arroubada em domingos de início de mês), quando me disse a mim que eu descobriria (e lhe mostraria só a si, com excepção do mundo inteiro) etapas da minha partida da minha estrela e da minha chegada a este planeta (vim mesmo ter consigo, óbvio!) se debruçasse os meus olhos grandes sobre algumas pinturas que desencadeiam emoções estéticas. Assim o pensei, assim o fiz, assim... Parei extasiada perante as duas imagens (que lhe envio) de pintura "abstrata", liguei os meus muitos sentidos de sentir e comecei a ler da direita para a esquerda: (i) a explosão de cores foi o anúncio da minha partida (cheia de luz e música) da minha estrela de origem e não revelada ainda, confirmo; (ii) as minhas formas perfeitas numa praia paradisíaca (céus, a beleza anfórica da minha cintura fina!) são o anúncio da minha chegada a este mundo, confirmo, e até ainda me lembro de vagas no oceano, míriade de vagas ondulantes, líquidas, desiguais, ondas rivais (ups, rimou!). Claro que sim, claro que concordo consigo, esta minha maneira sentir (de ser e de ver e de pensar e de agir) exige uma aproximação ao significado de uma antropologia complexa, olha a novidade, mas não é isso que hoje me move, não, não é isso. Quero, isso sim, quero abrir-lhe as portas de um caminho novo para a Beleza - e a Bondade e a Verdade que se lhe são aparentadas - : todas elas, em trindade, em mim moram e se demoram dia após dia, todos e cada dia. Vamos lá, oiça-me. Nesse novo caminho, o ponto de partida é estar sempre disponível para sentir as emoções estéticas que comportem o oculto trio "magia e sagrado e formas", de que o protótipo sou eu; depois, é dar guarida ao criativo trio artista "mediana e simetria e hormonas", um trio que na vida junto sempre anda e cria e alimenta; finalmente, é rejubilar em acção de graças por entender que a Beleza e a Bondade e a Verdade, senhoras e fonte de tudo, são do domínio da subjectidade (e também são a divina qualidade de mim quando talho e modelo o tempo e o espaço). A sério, mesmo, diz que, com aquelas imagens em pano de fundo, me vê a mim, céus, que me vê interinha e perfeita e única como sou? Vida minha, até as cores me vieram à cara, calha bem, tenho andado um pouco adoentada, corei que nem tomate maduro, vem mesmo a calhar esse seu apetite de mim, acredite. Mau, Nossa Senhora dos Aflitos, o calor que agora vem por mim acima não é da febre: de que será? Oh deuses, acudam! A si está a acontecer-lhe o mesmo, são calores que o atormentam com um auge em mim? Adiante, mas... Cuidado, saiba que sentir as emoções estéticas em movimento contínuo tem a ver a liquidez da vida, vem aí explosão pela certa. Explodiu, irrompeu? Aguente-se, quem lhe me mandou a si, enquanto lia esta minha mensagem, pensar em mim inteira e olhar as imagens (acima) da esquerda para a direita? Estava ali à vista, mesmo à mão de semear, tinha que dar no que deu, surpresa minha nenhuma, que divertida estou, gosto e gosto, gosto! O pensamento imaginativo, com emoções a tiracolo, não, não tem limites. Tenha um bom domingo!

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