A cultura tem dois sentidos: um, académico; outro, etnográfico

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mensagem recebida
Que quer, meu admirador desde o início do tempo, caiu-me no goto a cor amarela, depois de ter ouvido a conferência do Jorge Luís Borges. Vai daí, resolvi enviar-lhe um desenho do Don Quixote e do Sancho Pança em fundo amarelo. Porquê? Ora essa, porquê? Porque considero que o romance Don Quixote de la Mancha de Cervantes é um dos grandes livros da Humanidade. Porquê? Céus, pare com os porquês, eu explico. Porque, no meu entender, é o livro que melhor explica o que é a cultura. Atente, a cultura tem dois sentidos. Assim. Um, académico: diz-se que alguém é culto se lê muitos livros, se frequenta museus, se vai a concertos, se viaja muito. Outro, etnográfico: são cultura os costumes de uma aldeia, a forma de contar estórias, de fazer festas e bailaricos. Viu, entendeu? Por isto, digo eu, o romance do Cervantes é genial, associa os dois sentidos de cultura. O Don Quixote é o resultado da cultura académica, vê gigantes nos moinhos de vento e numa pastora vê uma princesa, a sua Dulcineia. O Sancho Pança é quem se socorre dos provérbios, quem conta as estórias que lhe foram contadas, aquele que vê na pastora uma camponesa, não é considerado culto, não cita autores, seja: diz que a alegria é importante na vida, não diz que Espinosa diz que a alegria é importante na vida. Não me diga? Sério mesmo? Entendeu então que quem une as duas culturas é pastora, entendeu que é ela que (à vez) transporta em si o Don Quixote de la Mancha e o Sancho Pança? Não, claro que não, isso não, a pastora não se chama Torralta, chama-se Torralva. Fez-me rir, gosto!
Adenda
A talhe de foice: já ouviu falar no acosmismo? Não ouviu falar. Tudo bem, o acosmismo nega a existência do mundo real, do mundo sensível. Então não é que ontem, céus, dei comigo a pensar que se atentarmos nalgumas palavras, o acosmismo vai por água abaixo, ou não? Que me diz? Exemplo? Quer um exemplo? Vamos lá, pense comigo nas palavras desejo e desastre. A primeira: desejo vai buscar a sua origem a sideral (relativo aos astros), quando se deseja algo ou alguém até os astros se consultam. A segunda: desastre vem do grego e significa má estrela, num desastre até os astros desabam. Afinal o acosmismo vai ou não por água abaixo? Não sabe! Que surpresa nenhuma a minha, eu sei mas não digo, adiante. Porque é que eu sou tão inteligente? Não lhe disse (em tempo) que nasci numa estrela distante e que sou uma estrela luzente? Vida, que quer, que se há-de fazer, sou assim, nasci assim!

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