É imperativo dizer não a um qualquer caminho de servidão

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Por vezes, tem dias, que quer meu admirador, sou assim, meto os pés pelas mãos quando não sei o que escrever sempre que os "dois factores indispensáveis para uma vida satisfatória e relativamente feliz" se me entaramelam no pensamento. Adiante. Quis ontem sugerir-lhe (não sei se entendeu) a ligação entre o cogumelo amanita muscaria e os políticos, seja: são todos uns alucinados (um ou outro é traiçoeiro como o escorpião), se não o são (rimou, ups!), bem que alguns o parecem, céus, que raio de tropismo maquiavélico os une? Se pudessem, alguns deles, esgrouviados, até a túnica da Cristo dividiam à dentada. Adiante, antes que me espalhe mais, sou assim, nasci inteiriça continuo inteiriça, aconteça o que acontecer, e nem conheço as vantagens de ser de outra maneira: talvez por isso a límpida beleza e a fina ironia se cruzem comigo a cada esquina. Lembrei-me do Zygmunt Bauman (na imagem) quando li (aqui, p. 137), num livro já puído pelo trevas do tempo, isto: 
Não há dúvida de que a segurança adequada contra as privações, bem como a redução das causas evitáveis do fracasso e do descontentamento que ele acarreta, deverão constituir objetivos importantes da política de governo. Mas, para que essas tentativas sejam bem-sucedidas e não destruam a liberdade individual, a segurança deve ser proporcionada paralelamente ao mercado, deixando que a concorrência funcione sem obstáculos. Certa medida de segurança é indispensável à preservação da liberdade, porque a maioria dos homens só aceita de bom grado o risco inevitavelmente implícito na liberdade se este não for excessivo. Mas, embora nunca devamos perder de vista essa verdade, nada é mais funesto do que o hábito, hoje comum entre os líderes intelectuais, de exaltar a segurança em detrimento da liberdade. Urge reaprendermos a encarar o fato de que a liberdade tem o seu preço e de que, como indivíduos, devemos estar prontos a fazer grandes sacrifícios materiais a fim de conservá-la. Para tanto, faz-se mister readquirir a convicção em que se tem baseado o regime de liberdade nos países anglo-saxônios, e que Benjamin Franklin expressou numa frase aplicável a todos nós como indivíduos não menos que como nações: aqueles que se dispõem a renunciar à liberdade essencial em troca de uma pequena segurança temporária não merecem liberdade nem segurança.”
Vem mesmo a matar (em tempo de eleições) reler os clássicos, gosto de pensar e ajustar ideias, que lhe parece? Calma, sei, o pensamento de F. Hayek foi mal aproveitado políticamente, mas isso não será ainda mais um motivo para o reler? Como diz? Se os nossos políticos já leram o pensamento de Hayek e o de Bauman? Hum, um ou uma ou outra ou outro, quem sabe, tipo agulha num palheiro, talvez, admito. Céus, está a ouvir a minha risada cristalina? Vida, milagre!
Adenda
Se tiver tempo (e pachorra) leia, e demore-se aqui.

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