Que áreas (no cérebro) são envolvidas numa situação de perigo?

Image result for tigre
(mensagem recebida)
Sério, acredite, acredite, meu (ainda) relevante (relevante: gosto e gosto e gosto) admirador da minha perspicácia e da minha argúcia e da minha criatividade, acredite no que lhe vou contar. Oiça: ia eu, ia eu, leve e solta, cantarolando esta cantiga medieval (que quer, para mim, relevante tanto pode ter a ver com relevo como com levante) quando, sem tem-te nem mas, me cai em cima um piropo (o meu corpo curvilíneo viaja sempre comigo com os meus olhos grandes à proa), este piropo: "que tigresa, que medo, que ansiedade a minha!". Um falcato manhoso, só podia ser, um atiradiço sem tineta para inteligente a grunhir com um risinho lorpa, a fazer-se ao piso (credo!), a atirar-me pelo rabo do olho um abraço de vide e a puxar para o ar o vómito morbo do seu minúsculo cérebro (com menos de um quilograma, aposto), pingente pendura tísico, camafeu, traste, canalha: até medo tive dele. Bom, adiante, olhei-o rutilando àscuas de cólera, encarei-o de catadura torva, grande cavalgadura, jerico cobarde. Lá fui andando e, pensamento habita pensamento, desatei a perorar na diferença entre medo e ansiedade: aquele cretino não controlava a ansiedade e eu tive medo dele, vida minha! Imaginei-me uma tigre linda e zangada (demore-se na imagem) a meter-lhe medo (a ele, não a si, óbvio) e a escoicear-lhe o instinto, iupi! (conhece o meu tom espevitado, pois não conhece?), rio-me ainda a bom rir, aposto que ele metia o rabo entre as pernas tolhidinho de medo, adiante. Intrigada e ansiosa, no entanto, fui de carreirinha ler dois estudos: um sobre o medo, outro sobre o medo e a ansiedade. Veja bem que até pensei que, desde que a sociedade perdeu o cabresto do medo do inferno, quase vale tudo, já não há freio. Ah, quase  me esquecia de dizer que ainda ouvi (atentamente) o relato de uma experiência realizada num dos estudos. Fiquei a saber que uma coisa é o medo reactivo e outra o medo cognitivo, mais: passei a saber que, no cérebro, o medo e a ansiedade não moram no mesmo sítio. Em que lugares é que moram? Minha Nossa Senhora, procure saber lendo os estudos, faça como eu, que topete! Não caibo na minha pele só de o sentir atrapalhado com as farpas de ciúmes que lhe coloco no coração. Não se aflija, esta minha forma de escrever (só para si), com palavras penteadas, mais não é que o arrulho de uma pomba linda, nada estouvada, que sabe o que quer. Sou assim, a natureza deu-me talento, o meu espírito inteiriça-se como as ideias de um filósofo, sou culta, inteligente, polímata, e uma admiradora ferrenha da lauta e opípara língua portuguesa, a língua do Gil Vicente e do Camões e do Pessoa e do Camilo e da Agustina. Também sei que adora todos os dionisíacos lampejos de mim, o que me suscita inebriantes arrepios, e eu gosto, sou poema vivo, sou corpo e significado, sou uma obra de arte ligada ao discurso que, numa aragem leve, dia sim dia sim, dá novas ao mundo dos relevantes contornos esfíngicos da minha beleza e das minhas virtudes, que se há-de fazer: e olhe que não é para me gabar, o que seria se fosse, vida, céus!
Adenda
... com memória.

Comentários

Mensagens populares