Variações à volta da expressão "afogar-se num copo de água" ...

vaso-agua
Ontem, sei eu muito bem porquê, veio-me ao pensamento a expressão "afogar-se num copo de água". Expressão que, nem mais e nem menos, significa que, perante alguns contratempos (por exemplo: mentiras ou sugestões sibilinas...), se torna difícil reagir e reagir sem emoções, se torna difícil reagir aos contratempos com racionalidade. Naquela atitude típica de ganhar tempo, demorei-me alguns minutos a olhar para um copo com água (prudentemente meio cheio, não acontecesse alguma desgraça!). E, de repente, dei-me conta de estar a falar comigo (na segunda pessoa): bela ideia a tua de olhares para o copo com água, quem sabe a chave para reagires ao contratempo seja falares contigo. Interessante, disse o meu eu, tratas-te por tu e abres um diálogo interno e, regista, a forma como falas contigo condiciona a tua capacidade para afrontar os contratempos e facilita a tomada de decisões. Tu queres ver, disse-me, que já por aí anda um ciência do diálogo interior? E não é que anda? Trata-se de uma ciência que dá pistas que tornam eficazes as nossas autoafirmações, seja: perante contratempos devemos imaginar situações futuras agradáveis e devemos tratar-nos na segunda pessoa. Exemplo? Simples, ei-lo: um dia destes (brevemente), vou estar numa esplanada (junto ao alfoz de um rio) num diálogo sereno e franco e criativo, falando em silêncio (ou não!) sobre o que vier (ou não vier) a propósito ou interessar. Adiante, que vale a pena. Este estudo mostra que quando alguém pensa numa situação agradável, em algo que é agradável e importante, no seu cérebro se activam as áreas relacionadas com a recompensa (o corpo estriado ventral e o córtex préfrontal ventral). Este e este outro estudo dizem-nos que quando, perante situações difíceis e complicadas, acreditamos em nós e nos tratamos a nós mesmos na segunda pessoa, distanciamo-nos das emoções e somos mais racionais... Gosto da ideia de me ver de fora!
Adenda (mensagem recebida)
Minha Nossa Senhora da Inteligência Perdulária, a ser como escreve, meu admirador e poeta, levado ao extremo o espírito do seu sábio palavreado, nós seremos o que nos dissermos. Nunca tinha pensado no assunto, mas tem algo que interessa, lá isso tem. Será que também terá a ver com o facto de eu falar (todos os dias e ainda mais um) com a formosa Hipátia que mora em mim? Não sabe? Olha a novidade! Que surpresa minha nenhuma!  

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