Gilles Lipovetsky: sábio, directo, frontal e polémico, como sempre

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Ilustração (pedida por empréstimo) de Xuan Loc Xuan
(...)
Não há alternativa ao capitalismo?
esquerda pode continuar a falar, mas não vejo alternativa ao capitalismo. Íamos substituí-lo por quê? Quem tem essa chave? Que tipo de economia vamos instituir em troca? Com controlos? Mas o capitalismo nunca foi hostil a um certo nível de controlo. Claro que há grandes problemas, mas a sua força é essa: vem uma crise, corrige, vem outra crise e volta a corrigir, é sempre o mesmo e sempre diferente. Depois da queda do Muro de Berlim as alternativas credíveis e globais desapareceram. Até percebo que se diabolize o capitalismo, mas não temos nada para pôr em seu lugar."
(...)
Para provocar o pensamento e desafiar teorias e desbravar ideias, destaco uma sagaz e pertinente pergunta (e a resposta pronta e clara) desta entrevista a Gilles Lipovetsky.

Adenda 1
... com memória.

Adenda 2 (mensagem recebida)
Muito bem, meu caro, gostei de ler a entrevista, até me pareceu que o Gilles Lipovetsky estava a falar para mim, adiante. Se tal tivesse acontecido, vida, eu, que não sou de modas e nem me acanho, desafiava-o (1) a comentar este texto da Ana Sá Lopes e (2) a perorar à volta de um livro célebre de Frederic Bastiat "A Lei", pedindo-lhe que comentasse um excerto que retirei das pp. 47 e 48, este: 
(…) Quando é hora de votar, aparentemente o eleitor não pede nenhuma garantia de sua sabedoria. Sua vontade e sua capacidade de escolher criteriosamente são sempre supostas. Pode o povo permanecer sempre sob tutela? Não conquistou ele seus direitos com muito esforço e sacrifício? Não deu ele já bastantes provas de inteligência e de sabedoria? Não atingiu já a maturidade? Não está em estado de julgar por si próprio? Não conhece ele seus interesses? Há alguma classe ou alguém que ouse reivindicar o direito de se colocar acima do povo, de decidir e agir por ele? Não, não, o povo quer ser livre e o será. Ele quer dirigir seus próprios negócios e os dirigirá. Mas quando o legislador é finalmente eleito — ah! então o tom do seu discurso muda radicalmente. O povo retorna à passividade, à inércia e à inconsciência. O legislador toma posse da onipotência. Agora é a vez de ele se iniciar, de dirigir, de desenvolver e de organizar. O povo deve submeter-se; a hora do despotismo soou. E agora observemos esta ideia fatal: o povo que durante a eleição era tão sábio, tão cheio de moral, tão perfeito, não tem mais nenhuma espécie de iniciativa. Ou se tiver alguma, ela o levará à degradação. (…).
Sei, sei que sim, meu caro admirador, sei que, sobre o texto da Ana Sá Lopes, o Gilles diria que tinha percebido, que a Ana Sá Lopes fazia jus ao nome que lhe deram (sendo clara e não tendo papas na língua); e imagino que, quanto aos ziguezagues (à cata de uma nova candidatura) do Presidente, aposto, o Gilles (com um sorriso bem humorado) remeteria para os físicos (quiçá para os alquímicos da Idade Média), justificando o comportamento e a ubiquidade do Presidente com uma curiosa explicação (pseudo)científica: "o horror ao vazio". Lindo, lindo seria o comentário ao texto do livro que acima transcrevi, seja, diria o Gilles que, anacronismo para aqui anacronismo para acolá, parece que a história se repete, e pátátipátátá. Adiante, peço-lhe a si, meu caro, peço-lhe que comente o livro de Frederic Bastiat, dando uma particular atenção ao texto que eu escolhi. Como? Está banzado, não sabe o que dizer, engasgou-se com os conceitos? Que grande novidade nenhuma me dá!

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