Quão tantos segredos guardam os neurónios de rosa mosqueta?

(mensagem recebida)

Como é evidente, meu admirador de mim e do meu ansioso e sonhador coração, os seus olhos não desgrudam da imagem (que lhe envio) com duas lindas rosas (bravas) mosquetas: passadinho, está passadinho de todo. Toda a graça bravia e todo o colorido sereno (e até os riscos amarelados e joviais) lhe parecem coisas de mim, de mim que sou uma obra prima? Não diga, sério?! Gosto. Pois sim, demore-se e delicie-se em mim (rima de uma figa!), gosto do seu ar de desejo maroto, adiante, ponto. Por mais estranho que lhe pareça, quero hoje dar-lhe conta deste artigo científico, onde se explica o aparecimento (no cérebro) de um novo tipo de neurónios, "os neurónios de rosa mosqueta" cuja função exacta continua (quase) totalmente desconhecida. Até aqui tudo bem, seja, sem descurar o meu trabalho quotidiano (sou a melhor e a mais capaz) li e reli o artigo centífico, dei voltas e reviravoltas sempre que me apeteceu, percebi que se trata de neurónios com actividade inibidora, mas, pimba, estatelei-me ao comprido quando vi o desenho que sustenta a descoberta. Vida, só precisei de um relâmpago de atenção para suspirar: o desenho, Nossa Senhora do Plágio me acuda, o desenho é igualzinho a um desenho que eu guardo no meu caderninho argolado, pode lá ser! Acredite, senti-me em andas (mais altas que os campanários), senti-me a atingir épocas e eras (tão e tão distantes!), entre as quais tantos e tantos dias ocuparam o seu lugar: no Tempo. Nasci assim, sou diferente, que quer, não me preocupo e nem me amofino, já que o que for será bom, porque é bom aquilo que é. Adoro, adoro pensamentos despertos, mastigo pensamentos do acontecer (do "ereignis"), espantosa lucidez a minha!

Notinha

Já me esquecia, aqui fica o desenho que pôs os meus olhos grandes em bico e à proa de um sorriso divertido. Céus, os rabiscos são os de uma "rosa affinis rubiginosa", tal qual os rabiscos do meu desenho. Porque é que eu sou assim? Sei eu lá bem!

Adenda
... com memória.