Hoje já ninguém se lembra do Sidónio

O Estado e a Igreja em Portugal no in. Sec. XX
Ainda que (arrisco) com uma marcada tendência de facção, nem por isso deixa de ser uma muito (e muito) bem documentada obra de João Seabra ("adaptada da sua tese de doutoramento em Direito Canónico apresentada na Pontifícia Universidade Urbaniana"), publicada em 2009: O Estado e a Igreja em Portugal no início do século XX - A lei de separação de 1911. O capítulo XII é dedicado à intervenção política de Sidónio Pais entre 5 de Dezembro de 1917 e 14 de Dezembro de 1918 (data em que foi assassinado, a tiro, na estação do Rossio, em Lisboa). Hoje ninguém se lembra do Sidónio, mas no tempo era considerado Presidente- Rei: "Ao longo do ano de 1918, Sidónio foi afirmando cada vez com mais clareza o poder pessoal. Intervinha em tudo: vai à Alfândega desalfandegar bens essenciais retidos nas malhas da burocracia, manda soltar da cadeia do Porto dois presos que lhe escreveram a queixar-se de maus tratos..." (p. 261); "Não é fácil imaginar o entusiasmo e a devoção que a sua figura provocou no país durante o ano de 1918: desde D. Miguel que nenhum governante fora tão amado pelo povo" (p. 263)... Hoje, cem anos depois, já ninguém se lembra de Sidónio Pais (pouco mais sobra que a curiosidade erudita de muito poucos), mas a ideia de um Presidente-Rei parece continuar viva, certo?
Adenda (mensagem recebida)
Não acredito, meu caro, não acredito que nada tenha escrito sobre "A sopa do Sidónio": alguma razão especial ou o Sidónio da sopa não é o mesmo? Que me diz?

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